Em tempos em que a maioria dos jogadores de futebol começa sua caminhada nas categorias de base de um clube, Júnior Santos, novo reforço do Galo, é uma exceção. O atacante se profissionalizou aos 23 anos e não passou por categorias de base.
Júnior Santos é de Jacuípe, na Bahia. Aos 20 anos, ele se mudou para Salvador para tentar melhorar de vida. Mesmo com a mudança para uma cidade maior, Junior Santos não pensava em ser jogador de futebol. O jovem, então, começou a trabalhar com o tio como ajudante de pedreiro.
Para Júnior, o futebol era apenas uma forma de lazer e uma maneira de ganhar algum dinheiro. "Comecei a trabalhar como servente, fui para Salvador e comecei a jogar amador, ganhando 50 reais por jogo. Fui fazendo meu nome, jogando muito bem, e comecei a cobrar para jogar, uns 300 reais por partida. Fui jogar um campeonato chamado Intermunicipal, que é muito conhecido lá (Salvador), e fui muito bem. Primeiro trabalhei como ajudante de pedreiro, jogava aos finais de semana ganhando 300 reais por jogo", explicou Junior Santos em entrevista ao site GE no ano passado.
Não demorou para Júnior Santos virar uma estrela da várzea na capital baiana. Com o sucesso, Junior chegou a receber propostas para se tornar profissional em equipes do interior baiano que disputavam o campeonato estadual. "Nessas ocasiões, quando fiquei conhecido, recebi duas propostas para jogar profissionalmente. Uma foi pelo Bahia de Feira e outra pelo Fluminense de Feira, mas na época só queriam me pagar 800 reais, o salário mínimo daquela época. No amador, eu tirava cerca de 3 mil reais por mês. Jogava sábado e domingo, e chegou uma hora que meu cachê já estava em 500 reais por jogo. Até abandonei a carreira de ajudante de pedreiro, não queria mais bater massa (risos). Seria 800 reais por três meses, e se eu fizesse o contrato profissional não poderia jogar mais o amador. Aí, não quis ser jogador de futebol", completou o jogador.
O tempo passava e Júnior Santos seguia disputando partidas na várzea até que um sinal e um convite mudaram sua vida. "Na minha cabeça, não acreditava que poderia ser (jogador), até que recebi uma profecia na igreja de que eu rodaria o mundo jogando futebol. Acabei me afastando, e um dia um cara chegou em um dos jogos amadores e disse: ‘Cara, você joga em que time?’. Eu respondi que não jogava, e ele disse que eu estava perdendo tempo, que se jogasse seria um grande jogador. Aquilo ficou na minha mente e eu tentei. Foi quando surgiu a oportunidade de ir para São Paulo. Vendi o pouco que eu tinha, vendi fogão, geladeira, e fui. Graças a Deus, deu tudo certo", contou Júnior.
O convite ao qual Júnior Santos se refere foi feito por um amigo que ele conheceu na várzea, que lhe falou sobre uma oportunidade no interior de São Paulo, no Osvaldo Cruz, à época na quarta divisão estadual.
Vivendo um novo sonho, Júnior Santos quase desistiu, mas foi convencido a continuar após um conselho do pai. "Fui para São Paulo receber bem menos do que no amador. Recebia um cachêzinho de 200 reais quando ganhávamos os jogos, até porque a situação da Bezinha (4ª divisão do Campeonato Paulista) é muito difícil. Pensei até em desistir, as coisas estavam bem difíceis, meus dois filhos estavam na Bahia e eu tinha que mandar dinheiro, mas não conseguia. Liguei para o meu pai um dia e disse que ia parar. Para quem é do interior, São Paulo e Rio de Janeiro são um mundo. Você nunca imagina sair da roça e ir para uma cidade grande. Meu pai disse que, se eu voltasse, era para nunca mais falar com ele. Eu fiquei e deu tudo certo."
Com a camisa do Osvaldo Cruz, Júnior Santos foi um dos destaques da equipe que disputou a Bezinha em 2017. Foi nessa época que Júnior conheceu o atual empresário, Edivaldo Ferraz, que conseguiu para ele um teste no Ituano, então na primeira divisão do Paulista e na Série D do Brasileirão. Ele passou na avaliação e recebeu um contrato fixo com o time de Itu.
Após se destacar pela equipe rubro-negra do interior paulista, Júnior Santos fechou com a Ponte Preta e foi um dos destaques da Macaca na Série B de 2018, marcando nove gols em 38 partidas.
Com as atuações, o atacante foi contratado pelo Fortaleza para a Copa do Nordeste de 2019, mas, no segundo semestre, foi atuar no futebol japonês. Em 2022, o atacante retornou ao Brasil para atuar pelo Botafogo.
Júnior Santos chegou a voltar ao Fortaleza no início do ano seguinte, após a equipe carioca não conseguir chegar a um acordo com o Sanfrecce Hiroshima, do Japão, pela compra.
Pouco utilizado pelo treinador da equipe cearense, Juan Pablo Vojvoda, acabou negociado novamente com o time carioca, onde explodiu e terminou a temporada 2024 como autor do gol do título do Botafogo contra o Atlético na Libertadores e um dos artilheiros da competição continental.
Júnior Santos e a negociação com o Galo
O atacante já está em Belo Horizonte para assinar contrato com o Atlético. O atleta, de 30 anos, desembarcou em Confins na manhã da última segunda-feira (20/01) e seguiu para uma clínica, onde realizou uma bateria de exames antes de ser anunciado oficialmente pelo clube.
O jogador custará 8 milhões de dólares (48 milhões de reais) aos cofres alvinegros, valor que será pago de forma parcelada. Além disso, ele receberá cerca de 1 milhão de reais mensais, representando o maior contrato de sua carreira.