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Imagem: DIVULGAÇÃO/CITY

Paciência é uma virtude: a importância do planejamento a longo prazo no futebol

Trabalhos mais longevos tendem a ter resultados melhores; esperar é fundamental


Mateus Liberato

Esporte

Graduado em Jornalismo Multimídia no Centro Universitário Una. Social Media na Rede 98.


Somos torcedores imediatistas por natureza. A ânsia por resultados faz com que a nossa paciência se esvazie na primeira sequência de derrotas do time do coração. Não há espaço para erros. A vitória precisa vir logo nos primeiros dias de trabalho do novo treinador. Os títulos devem ser conquistados na temporada inaugural. Caso isso não aconteça, todo um trabalho minucioso pode ser jogado por água abaixo.

Infelizmente, o torcedor, de um modo geral, é assim. Ele não sabe aproveitar o momento. Não estimula a paciência. Vive focado nos resultados a curto prazo e se esquece do básico no futebol: o planejamento.

A saga de um escrete vitorioso pode ser comparada com o ciclo de uma árvore. Você planta, aguarda pelo nascimento e, depois de algum tempo, colhe os frutos. Tudo de forma gradual. Afinal, paciência é uma virtude.

Guardiola foi paciente e a diretoria do City comprou a sua ideia

O aclamado Manchester City é um exemplo claro de planejamento a longo prazo. Pep Guardiola assumiu o comando técnico do clube inglês na temporada 2015/2016. Foi o terceiro colocado da Premier League com 23 vitórias, 9 empates e seis derrotas. 80 gols marcados e 39 sofridos. Pela força do elenco, a expectativa de muitos críticos era de que o time se tornasse campeão da Inglaterra logo no primeiro ano de Pep no comando. Porém, no Manchester, a convicção de que o trabalho poderia colher frutos no futuro era grande.

Em 2016/2017, veio a primeira Premier League. Campeão com números expressivos. Foram 32 vitórias, 4 empates e apenas 2 derrotas. Um City que começava a ser dominante e que se tornaria campeão inglês mais quatro vezes. Em contrapartida, Guardiola e seus comandados colecionavam tropeços na Champions League e aumentavam a desconfiança por parte dos críticos.

A diretoria do Manchester City poderia ter interrompido um trabalho vitorioso, caso tivesse sido imediatista. Porém, decidiu esperar. Entre erros e acertos, Guardiola conseguiu implementar a sua filosofia característica, com base no jogo posicional. Aos poucos o time foi assimilando as suas ideias. Peças importantes chegaram, como foi o caso do promissor artilheiro Erling Haaland. Enfim, apenas na sétima temporada à frente do clube inglês, Guardiola se sagrou campeão europeu.

Graças ao planejamento a longo prazo, o City se tornou a representação fiel do futebol encantador e eficiente. A mistura da arte e da objetividade. Time que vence e encanta. Fruto da longevidade. De um trabalho gradual e definido por etapas. Que rompe a ideia resultadista e imediatista. Que preza pela continuidade, mesmo diante da derrota.

Como amante do futebol, idealizo uma sociedade utópica, na qual todos os torcedores pudessem apreciar o futebol de forma macro, sem ficarem reféns das amarras do imediatismo. Que você, caro leitor, possa valorizar o trabalho a longo prazo e vibrar com o seu time, independentemente da vitória. E acima de tudo, estimular a paciência.


* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
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