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Imagem: Divulgação/LFF

Liga sem todos os clubes não dá liga

Discussão sobre a nova Liga de Clubes no Brasil trava no dinheiro como de costume e mais uma oportunidade de cuidar da indústria está indo pelo ralo


Vinícius Grissi

Esporte

Comentarista Esportivo


Ao longo dos anos, são muitas as oportunidades em que os clubes de futebol perderam a chance de tomarem as rédeas da organização sistemática da indústria por aqui. Estamos em vias de assistir de camarote a história se repetir mais uma vez e nem o movimento de profissionalização interna de alguns deles e a transformação de outros em SAFs parece capaz de impedir uma nova tragédia.

Na última semana, 21 clubes da recém-formada Liga Forte Futebol (LFF) assinaram um contrato vendendo 20% dos seus direitos de TV no Brasileirão por um período de 50 anos a partir de 2025, quando termina o contrato atual com a TV Globo. Os R$2,35 bilhões parecem um ótimo negócio mas na verdade escancaram mais uma vez a incapacidade das nossas equipes de se reunirem e pensarem de forma conjunta. São muitos os erros no processo.

O principal deles é o ponto inicial: não há Liga sem a participação de todos os clubes. Incapazes de discutirem e encontrarem um caminho, os clubes se separaram quando o ponto fundamental seria a união. O resultado pode ser um Campeonato Brasileiro ainda (mal) organizado pela CBF, na contramão do que acontece nas principais (aí sim) Ligas ao redor do mundo. A causa da separação é o segundo grande problema da atual negociação.

O valor da venda dos direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro é um debate importante e a forma como o bolo será dividido é fundamental para o equilíbrio no longo prazo. Principalmente levando em conta que nove a cada dez clubes tem esta como a principal fonte de renda. Mas assim como nos tempos do finado Clube dos 13 e em diversas outras oportunidades, a discussão se deu apenas em torno do dinheiro e de quem vai ganhar um pouco a mais ou um pouco a menos na assinatura do contrato. Centavos, se levarmos em conta o longo prazo.

Mais ainda se os clubes fossem capazes de perceber que fortalecer outros aspectos da nossa indústria faria o valor multiplicar para todos. Um calendário mais racional, gramados mais bem cuidados, criação de regras de fair play financeiro e outros aspectos tão importantes foram mais uma vez deixados de lado. Ignoraram, como de costume, que cuidar do todo, faria o bolo valer muito mais no futuro.

Com pires na mão, os clubes mais uma vez assinam um contrato desesperado em busca de adiantamento. Receita rápida, fácil, que vai ser usada de maneira desesperada numa bolha já estourada. Os anos seguintes? Um problema que fica pra depois, como sempre. Quem tem um boleto pra pagar hoje não se preocupa com o boleto de amanhã, nem o do mês que vem, nem o do ano que vem. O modus operandi que levou o nosso futebol ao momento atual se repete.

Vendemos uma liga que nem existe em troca de milhões no curto prazo e de migalhas no futuro. Não deu liga.

* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
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