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Imagem: Bruno Haddad/Cruzeiro

A Série B em Números: uma análise do Entorno Competitivo

Como as métricas apontam melhoras e quedas de desempenho após o encerramento do primeiro turno


Leo Gomide

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Réporter Esportivo


A Série B já teve o pontapé inicial para a disputa da segunda metade da competição. Ao final das próximas 18 rodadas conheceremos o campeão desta edição, os outros três clubes que também estarão na elite em 2022, assim como, os quatro times que disputarão a Série C no próximo ano. E não só a tabela de classificação nos dá uma panorama da situação de cada clube. 

Estatísticas apontam como se comportaram os times durante o primeiro terço do campeonato, e ao final do primeiro turno. Sendo possível identificar fragilidades e virtudes. Números que requerem serem melhorados ou mantidos para a obtenção de determinado objetivo no encerramento da competição. 

E neste texto tentaremos trazer uma análise do entorno competitivo da Série B 2021.

Pontos e Expectativa de Pontos

Assim se encontrava a tabela de classificação do campeonato após um terço de disputa, e num primeiro momento de análise do entorno competitivo. Por conta de jogos remarcados alguns times apresentavam um número menor de partidas. Por esta tabela, Náutico, CRB, Coritiba e Goiás estariam na Série A 2022. Ponte Preta, Londrina, Cruzeiro e Confiança seriam rebaixados. 

Já após a 19a rodada, tanto o G4, como a zona de rebaixamento, trouxeram mudanças: Coritiba, Goiás e CRB seguiriam com o acesso garantido, mas com o Avaí desbancando o Náutico por uma das vagas. Na parte de baixo da tabela, Cruzeiro e Ponte se safariam do descenso, com Vitória e Brasil de Pelotas os substituindo entre os rebaixados. 

E como as métricas nos ajudam, direcionam e justificam melhoras e quedas de desempenho, consequentemente, refletindo nos resultados e classificação na tabela?

Com um terço de campeonato, CRB e Coritiba eram os dois times que haviam somado mais pontos do que a métrica xPontos (Expectativa de Pontos) apontava para cada um. A Expectativa de Pontos, resumidamente, é calculada mediante o respectivo desempenho ofensivo e defensivo dos clubes, também alicerçado em dados. Portanto, a valoração de Pontos é o resultado da subtração dos Pontos que cada time realmente somou na competição menos a Expectativa de Pontos.

As valorações positivas de +13 pontos e +12 pontos, respectivamente, garantiam os times alagoano e paranaense no G4. Logo abaixo no saldo positivo de pontos, com 6 a mais que o esperado, apareciam Náutico e Goiás, fechando o G4 até aquele momento da competição.

Na parte inferior, todos os times que ocupavam a zona da degola no primeiro terço competitivo apresentavam valoração negativa de pontos: Ponte Preta (-4), Londrina (-2), Cruzeiro (-3) e Confiança (-13).

Cenários que sofreram alternâncias depois da última rodada do turno. 

Coritiba e CRB seguem no G4, porém, o Coxa aumentou ainda mais a valoração de pontos comparado ao primeiro terço do campeonato, passando de +12 para +15, a maior do certame. O CRB segue com 13 pontos acima da xPontos (Expectativa de Pontos). 

Mas o maior aumento de valoração de pontos dentro do G4 foi do Goiás: o time Esmeraldino pulou de +6 no primeiro terço da B para +12, assumindo assim a vice-liderança do campeonato no final do 1o Turno. 

E por que o Avaí substituiu o então líder Náutico na zona de acesso? 

Se no primeiro terço competitivo da Série B o Náutico somava 6 pontos a mais do esperado, o Avaí tinha 2 a mais. Papéis que se inverteram depois da 19a rodada, com o Náutico caindo para +2 e o Avaí pulando para +6.

Na briga contra o rebaixamento, o Brasil de Pelotas, que no primeiro terço do campeonato apresentava valoração positiva de +1, fechou o turno com saldo negativo: -4.

Enquanto o Vitória viu o saldo negativo cair de -8 para -9.

Ponte Preta e Cruzeiro não saíram do grupo com valoração negativa, porém, a queda de desempenho dos adversários contribuiu para ambos fecharem o primeiro turno fora do Z4.

E como justificar tais mudanças na tabela através de outras métricas?

Valoração Gols Marcados e Gols Sofridos

No primeiro terço do campeonato oito times somavam mais gols do que a métrica xG (Expectativa de Gol) apontava para aquele momento da disputa: CRB, Guarani, Coritiba, Cruzeiro, Sampaio Corrêa, Vasco, Brusque e Náutico. Dos times que figuravam no G4 apenas o Goiás não aparecia na lista, apresentando valoração negativa -1. 

Curiosamente, o Cruzeiro aparecia com 2 gols a mais do que era esperado ter feito, o que sinalizava estar na zona de rebaixamento especialmente pelo desempenho defensivo.

Já no encerramento do turno, o número de clubes com saldo positivo caiu de oito para cinco, indicando uma queda de desempenho ofensivo na competição. Porém, CRB e Coritiba seguem entre as equipes com saldo positivo, crucial para manterem as respectivas posições dentro do G4. 

O Brasil de Pelotas saiu de 2 gols a menos que o esperado para 6 gols a menos no final do turno. Desempenho que lhe custou a posição fora da zona de rebaixamento. 

Quando olhamos para os números defensivos, também conseguimos justificar as mudanças nas duas partes mais importantes da tabela: G4 e zona de rebaixamento.

Então líder do campeonato, o Náutico havia sofrido 6 gols a menos que o esperado no primeiro terço do campeonato. Já no final do turno, o Timbu se aproximou do que a métrica apontava e a valoração passou para -2. Perda de consistência defensiva que custou a liderança e a posição na zona de acesso.

Em contrapartida, o time pernambucano viu os concorrentes pelo G4 melhorarem o desempenho defensivo.

O Coritiba havia sofrido 5 gols a menos que o esperado no primeiro terço competitivo. Fechou o turno com sutil melhora e passou a ter 6 gols a menos que esperava-se ter sofrido. 

Se no primeiro terço o Goiás tinha 7 gols a menos do que a métrica lhe atribuía, ao final do primeiro turno passou a -11, dando uma clara demonstração de melhora na performance defensiva do time. 

O mesmo ocorreu com o CRB: saiu de uma valoração positiva no primeiro terço do campeonato, tendo sofrido 1 gol a mais do que era esperado, sofrendo 2 a menos no fechamento do turno. 

Desbancar o Náutico e fechar o turno no G4 teve correlação direta com o desempenho defensivo do Avaí. Se no primeiro terço da Série B havia sofrido exatamente o número de gols que a métrica indicava, com valoração zero, nas rodadas seguintes conseguiu sofrer 5 gols a menos do que o xGA (Expectativa de Gol Contra) apontaria.

Justificando a entrada na zona da degola, o Brasil de Pelotas, que sofrera 6 gols a menos que o esperado no primeiro terço, propiciando estar fora da zona de rebaixamento, terminou o primeiro turno com 4 gols a menos que o esperado. Gols contra a mais que determinaram a entrada no Z4.

Chances x Conversão

Como visto acima, o então líder Náutico somava 6 pontos a mais que o esperado em uma análise do entorno competitivo do primeiro terço da Série B. Tal valoração caiu para 2 pontos a mais que o esperado no fim do primeiro turno. E como também relatado, o Timbu saiu do grupo de times com valoração positiva de Gols Marcados, de 1 para -3.

Ao analisarmos as Chances Criadas e Convertidas justificamos a queda na tabela do time pernambucano. Se ao final do primeiro terço o Náutico situava-se no gráfico acima da média em Chances Criadas e na Porcentagem de Conversão destas chances, no final do primeiro turno passou a figurar abaixo da média na conversão, emparelhado com o concorrente pelo G4 Avaí, mas com o time catarinense cirando um menor número de chances.

Há de se ressaltar a perda de jogadores do sistema ofensivo que o Náutico sofreu na reta final do turno: Erick foi vendido ao Ceará, e Kieza rompeu o tendão de aquiles.

Enquanto isso, outro concorrente pelo G4, o CRB, apresentou importante movimentação no gráfico, indicando melhora de desempenho, evoluindo para figurar acima da média tanto em Chances, como em Conversão.

Menção ao Botafogo, que após a chegada de Enderson Moreira, passou a estar não só acima da média em Chances Criadas, mas também na conversão das oportunidades. A Ponte Preta apresentou sensível melhora em se aproximar da média de Conversão do campeonato, mas ainda abaixo da média em Chances Criadas.

Atenção à queda de Brasil de Pelotas e Operário. O time gaúcho se afastou ainda mais da média de porcentagem de Conversão das chances, com o segundo pior aproveitamento do campeonato, atrás apenas do Vitória. Resultado: como mencionado acima, saiu de -2 gols esperados a favor para - 6 gols esperados a favor com a diminuição de eficácia no momento ofensivo. Já a equipe de Ponta Grossa apontando uma tendência de queda em número de Chances e também Conversão.

E as quedas na Conversão de chances de Brasil e Operário podem ser justificadas pela diminuição de Passes Dentro da Área. Se no primeiro terço da B a equipe gaúcha já se situava abaixo da média da competição em Passes Dentro da Área e xG (Expectativa de Gol), os números caíram analisando o primeiro turno, se distanciando ainda mais da média do campeonato. Enquanto o Operário, que figurava exatamente na média da Série B em Passes Dentro da Área, teve queda para o quadrante abaixo da média. Indicando criarem chances mas em situações mais desvantajosas, e como consequência diminuindo o xG (Expectativa de Gol).

Brasil que passou por troca de técnico após a 14a rodada.

E pelo mesmo gráfico podemos justificar a mudança mencionada acima quanto a melhora de desempenho do CRB em Chances e Conversão. O time alagoano, que até o primeiro terço da competição se colocava entre os times com Expectativa de Gol abaixo da média do campeonato, no final do turno já passou a figurar acima da média, apontando para a criação de Chances em situações mais vantajosas de definição e aumento da Expectativa de Gol.

O mesmo vale para o Cruzeiro, se situando no final do primeiro turno acima da média em Passes Dentro da Área e xG, o que não acontecera no terço inicial do campeonato.

Chances Rival x Conversão

Não só a menor eficácia ofensiva custou a liderança do Náutico e também outras trocas de posicionamento na tabela. Números defensivos justificam tais alternâncias. 

Após fechar o primeiro terço do campeonato com 6 gols a menos que a métrica xGA (Expectativa de Gols Contra) apontava, o Náutico terminou o turno com 2 gols a menos que o xGA calcula. E olhando para as Chances de Gol do Rival e Chances com Sucesso (Gol) observa-se que o time pernambucano situava-se abaixo da média do campeonato para ambas as estatísticas, mas encerrou o 1oT acima da média em Chances do Rival e praticamente acima da média também para o sucesso de conversão destas chances.

E por que este número de chances e conversão do rival aumentaram? Nota-se que o Timbu passou a receber mais passes para dentro da própria área, ocasionando situações de finalização mais vantajosas para o adversário, com maior xG (Expectativa de Gol). Porém, tais números não subiram simultaneamente a um maior número de entradas do adversário na própria área. O que indica, portanto, estar mais vulnerável a situações de contra-ataque ou bola parada do rival.

Detalhe para o Goiás, que aparecia junto ao Náutico no gráfico analítico do primeiro terço, e lá se manteve até o encerramento do turno, não propiciando mais chances ou um maior número de conversão para o time adversário.

Pelo gráfico de dispersão observa-se que, dos times que fecharam o turno no G4, apenas o CRB situa-se acima da média em Entradas do Rival na Prória Área, Passes do Rival Dentro da Própria Área e xGA (Expectativa de Gols Contra). A longo prazo, números que podem comprometer a presença na zona de acesso se não ocorrem em número menor de vezes.

Se por um lado o Operário apresentou uma queda de desempenho ofensivo, ao se defender sinaliza ligeira melhora apresentando tendência de regressão para figurar abaixo da média em Chances concedidas ao Rival e conversão destas oportunidades.

Analisando os gráficos do primeiro terço da competição e final do 1oT observa-se o Cruzeiro abaixo da média em Entradas do Rival na Própria Área, Passes do Rival Dentro da Própria Área, xGA (Expectativa de Gols Contra) e Chances de Gol do Rival. Porém, ainda muito acima da média em sucesso de conversão das chances do rival. O que aponta uma deficiência em evitar e defender-se de contra-ataques adversário, assim como, bolas paradas.

* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
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