Neymar foi apresentado oficialmente pelo Santos nesta sexta-feira (31/01). O novo camisa 10 da equipe paulista demonstrou felicidade com seu retorno ao clube e detalhou a negociação que viabilizou sua volta.
Após ser recebido com um show de artistas santistas e muito carinho dos torcedores, Neymar concedeu entrevista coletiva na Vila Belmiro. "Quando pisei aqui, me senti com 17 anos de novo, desde meu primeiro dia no profissional. Estou feliz, entusiasmado e com muita vontade de jogar", declarou.
Neymar chega ao Santos após rescindir contrato com sua ex-equipe, o Al-Hilal, da Arábia Saudita. O jogador de 32 anos falou sobre sua decisão. "Quando tive a certeza de voltar, confesso que, em janeiro, no início do mês, não imaginava retornar ao Santos nem sair do Al-Hilal. Estava feliz lá, minha família também, adaptado e com vontade de jogar. Mas as coisas aconteceram, e tive que tomar uma decisão. Comecei a me entristecer nos treinos, no dia a dia, e isso não estava sendo bom para minha cabeça. Então, surgiu a oportunidade de voltar, e não pensei duas vezes. Desde o primeiro dia, decidi que queria retornar, comuniquei meu pai, e deu tudo certo. Está todo mundo feliz: eu, minha família e meus amigos. Estou de volta, acho que com energia renovada", afirmou.
O jogador também demonstrou empolgação para voltar aos gramados o quanto antes. "Com a vontade que estou, até de goleiro eu jogo. Estou há muito tempo longe dos gramados. Tive apenas dois jogos no Al-Hilal depois da minha lesão. Jogo em qualquer posição. A função de camisa 10 foi a que mais aperfeiçoei ao longo dos anos; desde o PSG atuo nessa posição. Mas vai depender do treinador. Posso jogar na ponta, como um falso 9, até como volante, da forma que ele quiser. Estou aqui para ajudar. Foi o que falei com meus companheiros quando os encontrei à tarde. Venho para somar de maneira significativa. Sei quem sou e do meu potencial", disse Neymar.
O atacante também avaliou seu novo treinador, que vem sendo pressionado pelos maus resultados no Campeonato Paulista. "Sobre o Pedro Caixinha, ouvi que é um treinador competente, que gosta de jogar ofensivamente, de maneira agressiva, e isso está no DNA do Santos. Falta encaixar o time, dar tempo. Não é em um mês que se faz um time voar. Isso exige treinos, ajustes, aprendizado. Todos sentem quando a equipe não está bem. Espero ajudar com palavras, demonstrando nos treinos que a confiança pode crescer. Sei quem sou e qual é o meu papel. Vim para ajudar e ser mais um que estará correndo e dando a vida para que o Santos esteja no topo da tabela, onde merece", ponderou.
Neymar assinou contrato de apenas cinco meses com o Santos e foi questionado se pretende estender seu vínculo com o clube. "Muito cedo para falar sobre prorrogação. O Santos me deu a oportunidade de voltar. Obviamente, abri mão de muita coisa para estar aqui. Foi um casamento perfeito. Era um momento esperado por todas as partes, e aconteceu. Fizemos um contrato de seis meses que, obviamente, pode ser estendido. Não sabemos o dia de amanhã, pois, há duas semanas, eu nem imaginava estar aqui. Não significa que, em seis meses, irei embora. Esse contrato pode ser prorrogado. Cabe a mim me dedicar 100%. Não adianta voltar apenas pelo nome. Voltei para jogar, ser feliz, fazer gols e ajudar o Santos. Abriram as portas para mim, e estou feliz. Espero ajudar", completou o meia-atacante.
Outras declarações de Neymar durante a entrevista coletiva:
Sobre indicações de jogadores:
"O telefone do meu pai está trabalhando muito. O meu está desligado. Obviamente, quando me perguntam sobre algum jogador, dou minha opinião, mas não é algo em que eu me envolva e nem quero me envolver. Isso cabe ao presidente, ao treinador e ao CEO. Tenho certeza de que montarão a equipe da melhor forma possível. Se tiverem confiança, podem fazer mais do que estou fazendo. É um elenco forte. Acho que minha chegada trará algo diferente para o time, tenho certeza. Farei tudo para ajudar meus companheiros. Sei que o Santos não vive o melhor momento, mas todos aqui sabem que precisam melhorar, se doar e honrar a camisa. Esse será o meu papel: ajudar com gols, assistências e, acima de tudo, na conversa, mostrando o significado de vestir a camisa do Santos."
Sobre a seleção brasileira e o papel de seu pai na negociação:
"Obviamente, a seleção é algo para o qual quero voltar. Tenho uma missão a cumprir, e acho que será minha última. Vou atrás dela de qualquer jeito, tenho metas. Quanto ao meu pai, praticamente ele fez tudo. O Marcelo Teixeira sabe disso e tem seus méritos. Meu pai foi fundamental nessa negociação. É o time do coração dele, da minha família. Minha avó estava aqui, a abracei, e nem imaginava que poderia viver isso. Foi muita felicidade. Foi um abraço de ‘conseguimos’. Fui vitorioso nessa vida."
Sobre seu pai:
"Tive muitas conquistas. Saí daqui menino, rodei o mundo e voltei praticamente como um herói. Nosso abraço foi de alívio, de saber que fizemos o máximo e fomos recebidos dessa forma. Meu pai é o cara mais importante da minha vida. Tiro o chapéu para ele. É chato demais, pega no pé de todo mundo, mas é crucial na minha vida. Estou feliz. O choro é de felicidade porque venci. Não foi fácil, tive turbulências, mas voltar para casa com esse prestígio, ver todo mundo gritando meu nome e receber a camisa 10 do Rei é surreal. Só posso agradecer a Deus pelo que Ele faz por mim e aproveitar cada momento."
Sobre ser o "salvador da pátria":
"Se fosse tênis, com certeza eu poderia garantir. Mas é futebol, um esporte coletivo. Nenhum jogador no mundo ganha sozinho. Sei da esperança do torcedor com a minha volta. Sei que me veem como ‘salvador da pátria’, mas não é assim. Há outros jogadores importantes. Já tive muitas vitórias na minha vida, e essa não será diferente. Temos desafios importantes pela frente, mas precisamos começar agora, fazer as coisas certas e colher os frutos. Não conseguirei vitórias sozinho. Dependo dos meus companheiros, como em qualquer time do mundo. Na minha função, se eu puder fazer a diferença, farei."
Sobre as mudanças nos últimos 12 anos:
"Mudei completamente. Estou mais barbudo, mais forte, meu estilo de jogo também mudou. Se eu tivesse a mentalidade de hoje quando tinha 17 anos, teria sido diferente. A gente aprende, cria experiência, erra, acerta, se reergue. A vida é assim, no esporte e em qualquer trabalho. É difícil se manter no topo, há momentos de queda, e é preciso se levantar. Sou um cara muito diferente do que era, e tenho certeza de que este Neymar de hoje ajudará muito o Santos de todas as formas."
Sobre o apoio da torcida:
"O carinho do povo brasileiro sempre foi imenso. Sempre me acolheram, e eu tento retribuir dentro de campo, seja na seleção, seja no Santos. Estou muito feliz por voltar. Preciso resgatar minha confiança e minha alegria em jogar futebol. Foi isso que vim buscar. É muito bom estar em casa, perto da família e dos amigos. Era isso que eu mais precisava neste momento."