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Imagem: Laura Sinigalia / Rede 98

Ilhadas no meio da Via 710, famílias alegam esquecimento e cobram ação da PBH

Aproximadamente 13 famílias ainda aguardam uma decisão em relação à desapropriação. Prefeitura diz que obra está finalizada


Por João Henrique do Vale

Enquanto alguns motoristas comemoram a entrega da Via 710, que liga as regiões Leste e Nordeste e é uma alternativa de acesso ao Vetor Norte de Belo Horizonte, moradores reclamam da indefinição por parte da Prefeitura. Famílias que vivem há aproximadamente 50 anos no Bairro Boa Vista ainda aguardam uma posição oficial se terão que deixar as suas casas. Enquanto isso, têm que conviver com o aumento no número de veículos passando na porta das residências, a poluição sonora, e os danos aos imóveis. 

A angústia teve início há 10 anos, quando as famílias da Rua Luiz da Nóbrega receberam o primeiro sinal por parte da Prefeitura de que teriam que deixar as suas casas. “Moro aqui há 50 anos. Sendo que há 10, recebemos uma carta dizendo que teríamos que sair para a construção da Via 710. Desde lá, estamos neste impasse, esperando uma solução que nunca chega”, conta Maria Célia de Castro Franca Costa, de 72 anos. 

Maria mora com outras três pessoas em uma casa que fica na esquina com a Via 710. Desde a liberação da nova via, com atraso de nove anos, já que a obra estava prevista para a Copa do Mundo de 2014, a vida dos moradores mudou drasticamente. O quarteirão da Rua Luiz da Nóbrega fica, exatamente, no meio das novas obras viárias. Com isso, o fluxo de veículos aumentou drasticamente. 

“É uma situação muito desgastante. Passamos sofrimentos diários. Nossas casas estão com trincas, goteiras, e não podemos fazer nada. Pois, não seremos ressarcidos desses valores. Com a via passando no entorno de nossas as casas, a situação está ainda pior. Um barulho ensurdecedor. É difícil atravessar até a rua por causa do fluxo intenso”, comenta Maria Célia. 

Vizinha de Maria Célia, Marta Maria da Consolação Pereira, de 71 anos, corrobora com a amiga. “Achamos que a via 710 ia melhorar a nossa vida. Mas, não. Piorou. Ninguém está dormindo. Com esse transtorno de carros aqui. Para levar meu neto na escola, tenho que colocar a mão na cintura para eles desconfiarem (motoristas) e eles deixarem a gente atravessar. Quando não somos xingados pelos motoristas”, contou. 

Marta também questiona o fato da demora para uma resolução do problema. “Não podemos fazer nada na casa. Lá em casa, por exemplo, está soltando o piso, mas não podemos fazer nada. Sempre foi um sonho nosso, meu e do meu marido, fazer uma obra na casa. Mas, tem um ano e meio que ele nos deixou, e foi sentido, pois não conseguiu fazer esses reparos. E eu queria realizar o sonho do meu marido, mas como que faz? Ninguém toma providência sobre isso aqui”, disse. 


Impasse 

Há 10 anos, o processo de desapropriação foi iniciado na Justiça. As famílias afirmam que, recentemente, o juiz responsável pelo caso extinguiu a causa alegando que a prefeitura entrou com a solicitação errada, já que esta alega ser a dona dos terrenos. Os advogados que defendem os moradores recorreram desta última decisão e ainda aguardam novos encaminhamentos.

Outro questionamento por parte das famílias é a falta de informação por parte da prefeitura. Pedidos foram feitos na Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) em relação a desapropriação. Porém, não houve retorno, segundo os moradores. Nem mesmo emails foram respondidos. 

Prefeitura diz que obra está finalizada 

Questionada sobre as dúvidas dos moradores, a Prefeitura de Belo Horizonte afirmou que as obras para a liberação do trânsito foram encerradas. “A Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) informa que a obra de infraestrutura viária que atravessa oito bairros das regiões Leste e Nordeste e cria uma alternativa de acesso ao Vetor Norte de Belo Horizonte foi totalmente liberada para o trânsito em fevereiro de 2023. Com a conclusão do último trecho (avenida dos Andradas até a rua Elísio de Brito, no Boa Vista)- a Via 710, com aproximadamente 5 km de extensão, cumpre o seu objetivo que é conectar bairros e regiões, reduzindo custo e tempo com deslocamentos, sem impactar a área central da cidade”, informou. 

A administração municipal ressaltou que foram gastos R$ 120 milhões (considerando consultorias técnicas, Projetos e obras), somados aos R$ 14,2 milhões deste último trecho, concluído em fevereiro de 2023. “Já em desapropriações, o valor investido pela Prefeitura foi de aproximadamente R$ 160 milhões”, completou. 

Mesmo com a liberação do trânsito, os moradores da região do Boa Vista e São Geraldo ainda vão ter que conviver com mais obras na região. A prefeitura homologou licitação de projetos para realizar estudos e projetos para fins de adequações na interseção da Avenida dos Andradas com a Via 710 (Avenida Itaituba). Ainda não há previsão de licitação de obras.

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