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Imagem: Karol Bicalho / Rede 98

“Luta contra a impunidade”, diz vítima do crime ambiental da Vale em Brumadinho

Dia é marcado por homenagens, mas também pedido de justiça pelo rompimento que matou 272 pessoas há 5 anos


Por Junior de Castro e Lucas Rage

O pedido de Justiça ecoa em meio às vítimas do crime ambiental da Vale, em Brumadinho. Entre as vozes ouvidas nas homenagens desta quinta-feira (25), quando se completam 5 anos do rompimento da Barragem de Córrego do Feijão, está a de Maria Regina da Silva, mãe de Priscila Ellen da Silva, uma das 272 vidas perdidas em meio à lama.

Maria Regina, que é integrante do Conselho Fiscal da Avabrum Associação de Famílias de Vítimas e Atingidos pela tragédia — cobra uma resposta para o crime ambiental, ainda sem culpados.

"A nossa bandeira principal é a punição dos culpados. A Justiça. Estamos há cinco anos deste crime, sem justiça", desabafa Maria. Entre os principais cobrados está o Juiz Federal do Tribunal Regional Federal, 6ª Região (TRF-6), desembargador Flávio Boson Gambogi, relator do pedido de habeas corpus protocolado em nome do ex-presidente da Vale, Fábio Schvartsmann. "Recebemos, há pouco, um impacto com o pedido do Fábio [Schvarstmann, ] de habeas corpus, para sair do processo. E quase que ele conseguiu. Pois o relator Flávio Boson, deu o parecer favorável” afirma

O Flávio Boson desconhece que existem provas. Que a Polícia Federal fez uma investigação que provou que eles têm culpa. E ele ignorou um email, que saiu nas mídias, enviado pelo compliance da empresa falando dos problemas que estavam tendo [em Brumadinho]”, completa.

O parecer de Boson foi proferido no dia 13 de dezembro de 2023, data em que o julgamento foi suspenso devido ao recesso judiciário. Caso será retomado com a volta das atividades do TRF-6, em fevereiro.

(Karol Bicalho / Rede 98)

Esperança de encontro das joias restantes

Familiares das vítimas ainda soterradas em meio à lama mantém viva a esperança de que as chamadas “jóias” sejam encontradas pelos Bombeiros. É o caso de Tânia de Oliveira, prima da técnica em mineração Nathália de Oliveira Porto Araújo.

“A gente, como familiar, ainda tem esperança de encontrar [a joia]. Os bombeiros ainda estão atuando na área, ainda há muito o que procurar. Até eles falarem que não tem jeito mais, a gente lembra dela com carinho”, desabafa.

Estagiária na Vale à época do acidente, Nathália conversava com o marido pelo telefone quando a barragem rompeu. 

"Ela estava comentando sobre a construção [da barragem]. De repente ela viu que o chão estava estremecendo, como se fosse um terremoto. E os pássaros estavam sobrevoando muito rápido. Ela só percebeu quando já viu o mar de lama chegando e falou 'Deus, me dai o livramento'. A partir daí ninguém mais conseguiu falar com ela", relembra Tânia.

Luta contra a impunidade

Um seminário ocorrido esta semana em Brumadinho, reuniu vítimas de tragédias semelhantes, ocorridas em outras regiões do país. Entre os presentes estavam os atingidos pela tragédia da Boate Kiss, ocorrida em 2013 em Santa Maria, e da Braskem, em Maceió, que ganhou as manchetes nos últimos meses.

“A gente faz a pergunta para todas as pessoas que têm o poder de resolver e trazer justiça a todos esses crimes. Como vocês querem ser lembrados. Do lado da impunidade? Por que é o que está acontecendo”, desabafou Maria, sobre o encontro.

(Karol Bicalho / Rede 98)

Homenagens continuam

O dia segue marcado por homenagens em Brumadinho. Nas primeiras horas da manhã, uma missa celebrado no Santuário Arquidiocesano do Rosário lembrou os mortos. Houve ainda um minuto de silêncio em frente ao letreiro de Brumadinho, precisamente às 12h28, quando a barragem se rompeu. Uma homenagem também foi realizada pelo Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, que segue as buscas pelas 3 jóias que seguem soterradas em meio à lama da Vale.

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