As mortes de dois jovens em um acidente durante a disputa de um racha na Região Metropolitana de Belo Horizonte acendem o alerta para uma ocorrência de trânsito que vem se multiplicando em Minas Gerais: as batidas por excesso de velocidade. O estado tem, em 2024, o maior número de registros desta natureza dos últimos cinco anos.
Os dados foram compilados pela Rádio 98 nos registros divulgados pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). De janeiro a julho deste ano, Minas Gerais registrou 1.778 ocorrências de acidentes com velocidade incompatível com a via, uma média de oito por dia. Em 811 ocorrências os envolvidos morreram ou ficaram feridos.
A alta é de 7% em relação às ocorrências registradas nos sete primeiros meses de 2023. Em comparação com 2022, a situação é ainda mais crítica. O aumento chega a 20,5%.
Em 2024, Belo Horizonte registrou 298 acidentes, tendo como causa presumida o excesso de velocidade. Deste total, 71 ocorrências terminaram com morte ou pessoas feridas.
Situação preocupante
A especialista em segurança no trânsito, Roberta Torres, avalia como preocupante o aumento de acidentes por excesso de velocidade. Para ela, os registros estão diretamente ligados à letalidade dos acidentes e tem como fatores, a cultura dos motoristas, a malha rodoviária do país e a falta de fiscalização.
"Minas Gerais concentra a maior malha rodoviária do país e, consequentemente, isso acaba influenciando também nesses números. A gente tem gente do país inteiro rodando aqui em mais de duzentos e setenta e dois mil quilômetros só de rodovias. Sem contar que a gente tem vivido uma cultura da pressa, da impaciência que muitas vezes é exacerbada pelo estresse. O cansaço, a correria do dia a dia e, ainda, em contar a ideia que as pessoas têm de que correr mais vai ajudar a chegar mais rápido. O que não é necessariamente uma verdade. Para se ter ideia, um aumento de 60 para 80 quilômetros por hora, você vai economizar em torno de 15 segundos por quilômetro. É muito pouco. E a diferença do aumento da velocidade é muito grande, por exemplo, para um pedestre", afirmou.
Para diminuir os acidentes, a especialista explica que são necessárias ações integradas. "Eu costumo dizer que não existe uma fórmula mágica. A gente precisa ter uma política pública com foco na resolução do problema. Envolvendo aí a educação pro trânsito que está prevista no código e não é implementada nas escolas como deveria, a gente precisa de melhorias contínuas na infraestrutura das vias e um reforço na tecnologia tanto das vias quanto da fiscalização. Nenhuma área sozinha vai dar conta do problema", completou.
Ocorrências em Minas de excesso de velocidade
Janeiro a julho
Ano/ocorrências
2019 - 1.809
2020 - 1.478
2021 -1.504
2022 - 1.475
2023 - 1.664
2024 - 1.778