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Imagem: Foca Lisboa / UFMG

Organização da Stock Car questiona o corte de 5 mil árvores pela UFMG

Estudo assinado por nove peritos ambientais foi encaminhado para os Ministérios Públicos Federal e Estadual


Por João Henrique do Vale

Os ministérios públicos Estadual e Federal vão analisar um estudo que aponta a supressão de aproximadamente 5 mil árvores pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) sem a comprovação da compensação ambiental. O parecer técnico, assinado por nove peritos, analisou o período entre 2002 e 2024. Os documentos foram entregues aos órgãos públicos pela organização da Stock Car. Por meio de nota, a UFMG afirmou que ainda não foi comunicada oficialmente sobre a instalação de qualquer procedimento.

O corte de árvores no entorno do Mineirão para a realização da etapa da Stock Car, além dos ruídos que prova pode causar, é alvo de questionamentos na Justiça. Três ações, protocoladas pela UFMG, Advocacia-Geral da União (AGU) e associações de moradores da Pampulha, estão sendo analisadas. Todas pedem a suspensão da corrida em Belo Horizonte.

O parecer técnico apresentado pelos organizadores da prova mostram que entre 2002 e 2024 foram suprimidas cerca de 5 mil árvores pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Somente na gestão da reitora Sandra Goulart, segundo o levantamento, são quase mil espécimes retiradas.

A retirada das árvores aconteceu nos últimos 12 anos durante a expansão do Campus da UFMG. Os estudos apontam que não há comprovação da compensação ambiental que deveria ser feita pela Universidade.

“Isso é uma prova cabal de que há uma demagogia muito grande por parte da UFMG, mais notadamente da reitora. Ela se diz surpresa com o corte de 63 árvores por parte da prefeitura, tudo feito dentro da lei, através das autorizações do Coman, e que está sendo feito o replantio e a compensação. Na administração dela, foram quase mil árvores retiradas e não há compensação. Ou pelo menos não foi comprovada a compensação”, explica Sérgio Sette Câmara, um dos organizadores da Stock Car.

Sette Câmara quer uma investigação sobre a supressão das árvores sem compensação. “Nós entregamos esses laudos aí para o Ministério Público do Estado de Minas Gerais e pro Ministério Público Federal pedindo pra que eles tomem providências. A gente espera que isso seja apurado e que se tiver realmente comprovado que houve a suspensão sem compensação que as pessoas responsáveis sejam punidas exemplarmente”, completou.

Suspensão da Stock Car

A Justiça Federal analisa três ações que pedem a suspensão da etapa de Belo Horizonte da Stock Car, marcada para acontecer em agosto. Na última semana, a Advocacia Geral da União (AGU) ingressou com uma ação civil pública à pedido da UFMG. O mesmo foi feito pelo Ministério Público Federal (MPF).

Nas duas ações, os procuradores sustentam que o empreendimento automobilístico é incompatível com as atividades da UFMG e vai gerar impactos danosos para a pesquisa, o meio ambiente e a vida animal.

Posicionamento da UFMG

A UFMG afirmou, por meio de nota, que ainda não foi comunicada oficialmente sobre a instalação de qualquer procedimento. Diz, também, que, “como instituição pública que cumpre com suas obrigações e tem forte compromisso social, permanece à disposição para prestar os esclarecimentos sobre suas ações, sempre que solicitados pelas autoridades competentes”.

“No entanto, chama a atenção o fato de que, logo após a propositura de ações pela Advocacia Geral da União e pelo Ministério Público Federal contra as ilegalidades, irregularidades e não conformidades da corrida em Belo Horizonte, a Universidade tenha recebido, por meio da imprensa, a notícia de ter sido dirigido ao Ministério Público um pedido de apuração contra a UFMG e sua Reitora”, disse no documento,

A UFMG finaliza dizendo que vai seguir com os questionamentos sobre a etapa da Stock Car em Belo Horizonte. “Cortinas de fumaça não dispersarão o debate legítimo sobre a inconveniência da realização da prova nas imediações do Campus da Universidade. Na iminência da celebração do centenário da UFMG, a Instituição é mais uma vez chamada a defender seus valores e, nesse sentido, seguirá altiva sem temer supostas coações, ainda que travestidas de peça com verniz jurídico”, finalizou.

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