Em abril deste ano, o Ministério Público do Trabalho divulgou o ranking nacional de trabalho análogo à escravidão, no qual Minas Gerais aparece no topo da "Lista Suja". Dos 654 nomes de empresas e pessoas físicas denunciadas, 151 estão no estado, quase o dobro do registrado em São Paulo, no segundo lugar, com 78 registros.
O Procurador-Chefe do Ministério Público do Trabalho, Arlélio de Carvalho Lage, aponta a agricultura como principal setor que contrata mão de obra escrava. "90% dos empregadores escravagistas são fazendeiros e atuam na cafeicultura, plantações de batata, cebola e alho", apontou o Procurador.
Ainda segundo Arlélio, de abril até outubro, o número de empregadores cresceu. Em abril eram 151 denunciados e, agora, esse número chega a 165 só em Minas Gerais. "São mais de 1600 trabalhadores resgatados só no estado de Minas Gerais", completa.
"Minas Gerais é um estado com 853 municípios. Sabemos que há mais irregularidades. Esse número é ainda maior e vamos identificar através de fiscalização. Temos situações no norte, nordeste e centro-oeste de Minas, em Varginha também, uma região com poder aquisitivo maior, é onde encontramos uma grande concentração de trabalho em condições sub-humanas", frisou o Procurador-Chefe do Ministério Público do Trabalho.
Horas excessivas de trabalho e proibição de locomoção nos horários de folga, são situações mais comuns encontradas no estado. "Os empregadores alojam os trabalhadores em locais precários, sem água potável, instalações sanitárias imundas ou até mesmo sem qualquer instalação, obrigando o trabalhador a fazer suas necessidades fisiológicas no mato, além de nao ter local para dormir, tendo que dormir no chão ou em esteiras precárias e, também, alimentação de péssima qualidade. Todas essas situações, isoladas ou conjuntas, caracterizam o trabalho escravo", disse Arlélio.
Assista a entrevista completa no vídeo abaixo: