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Imagem: COP 28 / Reprodução

Começou a COP 28: O que esperar da Cúpula 

Conferência do Clima da ONU reúne quase 200 países até 12 de dezembro em Dubai, nós Emirados Árabes Unidos


Ênio Fonseca

Notícias

Engenheiro Florestal especialista em gestao socioambiental. CEO da Pack of Wolves Assessoria Socioambiental, Conselheiro do FMASE. Foi Superintendente do Ibama, Conselheiro do Copam e Superintendente de Gestão Ambiental da Cemig. Membro do IBRADES , ABDEM, ADIMIN, da ALAGRO E SUCESU


Começou nesta quinta-feira, 30 de novembro, e termina na terça-feira, 12 de dezembro a COP 28, que será realizada na Expo City, em Dubai.

Trata-se de uma reunião anual de quase 200 países, organizada pelas Nações Unidas - ONU, para discutir formas de evitar as alterações climáticas provocadas pelo homem e de adaptação ao aumento das temperaturas. As discussões acontecem há 28 anos, dando às reuniões deste ano o nome técnico de 28ª Conferência das Partes no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, evento que acontece num ano marcado por muitos eventos de extremos climáticos.

A conferência reúne dezenas de milhares de pessoas, incluindo líderes mundiais, representantes do setor privado e sociedade civil - em Dubai, são estimados 70 mil participantes. 

O Brasil terá mais de 2,4 mil participantes na Cúpula, dos quais 400 são membros do governo, incluindo o Presidente Lula, e 12 ministros.

Este ano a presidência rotativa é dos Emirados Árabes Unidos (EAU) , uma escolha que desagradou a alguns ambientalistas que não concordam com a escolha deste país,   um dos maiores produtores de petróleo do mundo, um insumo energético importante para toda a economia  planetária e que muitos gostariam que fosse banido, numa visão utópica.

O Sultão Al Jaber, presidente do evento, defende que o setor petroleiro não deve ficar à margem da COP. “Não ter o petróleo e o gás e as indústrias com elevadas emissões na mesma mesa não é a coisa certa a fazer. Você precisa trazer todos eles. Precisamos reimaginar esta relação entre produtores e consumidores”.

A ideia original, há três décadas, foi criar um processo multilateral em que todos tivessem voz sobre a melhor forma de o mundo reduzir os gases com efeito de estufa. Na realidade, existem divisões persistentes entre países ricos e pobres. 

Os países em desenvolvimento argumentam que os países desenvolvidos enriqueceram ao longo do último século através da criação de indústrias baseadas em combustíveis fósseis, e que deveriam ser capazes de fazer o mesmo,  ou que recebessem robustos investimentos financeiros para adotar matrizes mais limpas.

As decisões tomadas nas COPs cobrem todos os tópicos da agenda climática, como redução de emissões, resiliência, financiamento e inclusão. Durante sua história, as COPs levaram à criação de acordos globais inovadores, como o Protocolo de Kyoto em 1997 e o Acordo de Paris em 2015, quando todos os países estabeleceram uma meta para garantir que o aquecimento não ultrapassasse os 1,5 graus Celsius.

Para conseguir isso, significa que as emissões deverão cair para “zero líquido” até meados do século. Trata-se de uma meta ambiciosa que sem os investimentos financeiros e de novas tecnologias de produção poderá não ser alcançada conforme os indicadores monitorados ao longo dos últimos anos.

Naquele ano, cada país estabeleceu suas metas - NDCs, para manter as temperaturas sob controle, e este ano, será realizado o primeiro balanço oficial dos progressos realizados até agora.


No início de setembro, o primeiro relatório deste balanço  confirmou que o mundo está muito distante de evitar que a temperatura média global se eleve acima de 1,5ºC. 


No ritmo atual de cumprimento das NDCs, a humanidade caminha na direção de atingir entre 2,5ºC e 2,9ºC até 2100, segundo o último Relatório sobre Lacunas de Emissões do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). As emissões previstas para 2030 devem cair entre 28% e 42% para atingir 2°C e 1,5°C, respectivamente. Se todas as NDCs e os compromissos de zero emissões líquidas de longo prazo forem cumpridos, seria possível limitar o aumento da temperatura a 2°C. Mesmo no cenário mais otimista, a probabilidade de limitar o aquecimento a 1,5°C é de apenas 14%.


A Ministra das Finanças da India Nirmala Sitharam pontua uma visão dos países em desenvolvimento, quando apela a ações concretas em matéria de financiamento climático e transferência de tecnologia nesta COP 28. A Índia, e muitos países em desenvolvimento apresentarão as suas realizações feitas com seus próprios fundos, enquanto aguardam o cumprimento feito na COP de Paris de liberação de cem milhões de dólares por parte dos países ricos. SEla enfatiza a necessidade de ações concretas com relação à transferência de tecnologia e financiamento.


São grandes os desafios a serem equacionados neste evento, que tem como plano de ação apresentado pela presidência da COP baseado em quatro pilares: 


  • acelerar uma transição energética justa, ordenada e equitativa; 

  • fixar o financiamento climático; 

  • focar nas pessoas, vidas e meios de subsistência; 

  • e sustentar tudo com inclusão total, não deixando ninguém para trás. 


Ação é a palavra de ordem para combater as mudanças climáticas.

* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
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