Na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente Luiz Inácio Lula, do Brasil, foi o primeiro chefe de Estado a discursar no debate geral. A abertura dos discursos no encontro anual dos líderes dos mais 190 países da ONU cabe ao Brasil por tradição.
Antes mesmo de iniciar seu discurso, Lula começou demonstrando apoio à luta dos palestinos por um território próprio.
"Dirijo-me em particular à delegação palestina que integra pela primeira vez essa sessão de abertura, mesmo que ainda na condição de membro observador", disse Lula.
Conflitos mundiais
Já em seu discurso na Assembleia, Lula criticou os conflitos mundiais existentes. Além disso, ainda cobrou uma reformulação no Conselho de Segurança da ONU, cobrando instrumentos para interromper guerras ou punir envolvidos. Também em sua fala, o presidente do Brasil criticou a falta de cadeiras permanentes da América Latina e Ásia no Conselho.
"Precisamos ir muito além e dotar a ONU dos meios necessários para enfrentar as mudanças vertiginosas do panorama internacional. Vivemos momento de crescentes angústias, tensões, frustrações e medo. Testemunhamos a alarmante escalada de disputas geopolíticas e rivalidade estratégicas", disse.
Além disso, Lula ainda pontuou que 2021 ostentou o maior numero de conflitos desde a Segunda Guerra Mundial, com gastos exorbitantes.
"2023 ostenta o triste recorde do maior numero de conflitos desde a Segunda Guerra Mundial. Os gastos militares globais cresceram pelo nono ano consecutivo e atingiram mais de 2,4 trilhões de dólares. Esses recursos poderiam ter sido utilizados para combater a fome e enfrentar a mudança do clima", prosseguiu.
Crise climática
Ao falar sobre a crise climática que afeta o mundo, Luiz Inácio pediu mais eficiência nos acordos e união dos países da ONU. Segundo ele, não existe a possibilidade de "desplanetizar" a vida em comum, e que o planeta está "condenado à interdependência".
"O planeta já não espera para cobrar da próxima geração, e está farto de acordos climáticos que não são cumpridos. Está cansado de metas de redução da emissão de carbono negligenciadas, do auxílio financeiro aos países pobres que nunca chega. O negacionismo sucumbe ante as evidências do aquecimento global, e 2024 caminha para ser o ano mais quente da história moderna", disse.
Ainda falando sobre a crise climática, Lula cita exemplos do Brasil, pontuando a trágica enchente no Rio Grande do Sul, a estiagem na Amazônia e as queimadas ao redor do país.
"No Sul do Brasil, tivemos a maior enchente desde 1941. A Amazônia está atravessando a pior estiagem em 45 anos. Incêndios florestais se alastraram pelo país e já devoraram 5 milhões de hectares apenas no mês de agosto. O meu governo não terceiriza responsabilidades e nem abdica de sua soberania", disse.
América Latina, Cuba e crítica aos Estados Unidos
Falando sobre a América Latina, Lula afirma que o continente vive desde 2014 uma "segunda década perdida" – com crescimento médio de apenas 0,9% ao ano, metade da chamada "década perdida" original nos anos 1980. Além disso, pontuando sobre Cuba, o presidente brasileiro realizou uma crítica direta aos Estados Unidos.
"É injustificável manter Cuba em uma lista unilateral de Estados que supostamente promovem terrorismo, e impor medidas coercitivas unilaterais que penalizam indevidamente as populações mais vulneráveis", disse Lula
Já em relação a democracia, Luiz Inácio citou o Haiti e ponderou sobre a situação atual brasileira, nas lutas contra invertidas extremistas.
"No Haiti, é inadiável conjugar ações para restaurar a ordem pública e o desenvolvimento. No Brasil, a defesa da democracia implica ação permanente ante investidas extremistas, messiânicas e totalitárias que espalham o ódio, a intolerância e o ressentimento", listou.