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Imagem: Reprodução / Redes Sociais

“A formação de gelo na asa, por si só, não é suficiente para derrubar um avião”, diz piloto e gestor de Segurança Operacional à Rede 98

Estevan Velasquez detalha questões que envolvem queda de aeronave no interior de São Paulo


Por Mateus Liberato

Várias dúvidas surgiram após o trágico acidente do avião que caiu em um condomínio na cidade de Vinhedo, no interior de São Paulo, nesta sexta-feira (9). A turboélice modelo ATR-72 transportava 58 passageiros e 4 tripulantes. O voo partiu de Cascavel (PR), com destino a Guarulhos (SP).

Para entender detalhes do acidente, entramos em contato com Estevan Velasquez, piloto comercial, instrutor de vôo, gestor de Segurança Operacional e presidente da Voa Prates. Ele destacou quais são os principais fatores que podem ter contribuído para a queda da aeronave.

“Não é apenas um único fator que determina um acidente. Porém, suspeitamos que um dos grandes fatores que contribuíram para a queda foi a formação de gelo nas asas. Tinha reporte de formação de gelo naquela região, sobretudo, na altitude em que a aeronave estava voando. Inclusive, vários colegas pilotos reportaram que passaram por essa situação. Então, é possível que um dos grandes fatores que contribuiu para o acidente, principalmente para o fato de a aeronave ter entrado em parafuso, foi a formação severa de gelo”, ressaltou Velasquez.

O piloto ainda informou se a formação de gelo na asa do avião é natural.

“Não dá para cravar que a formação de gelo é natural nessa época do ano. Na verdade, no Brasil, quase nunca é natural. É uma situação que não depende muito de região e que também não depende da temperatura na superfície. A formação de gelo depende da altitude em que aeronave se localiza, de condições de umidade no ar, pressão, temperatura e outros fatores. Então, não é necessariamente uma questão de época ou local. Porém, hoje tínhamos, devido à frente que está subindo, uma condição de alerta de possibilidade de formação severa de gelo”, destacou Estevan Velasquez.

Ele ainda completou dizendo que em casos de formação de gelo, o piloto não precisa entrar em contato com a torre de controle, já que os aviões oferecem ferramentas para sanar esse tipo de problema.

“Essas aeronaves não são proibidas de voar em condição de gelo. Estamos atribuindo a condição a um potencial fator contribuinte para esse acidente, mas ela por si só não derruba um avião e não causa da perda de sustentação, até porque esses aviões têm dispositivos que chamamos de “anti-ice” ou “de-ice”. O primeiro impede a formação do gelo. Já o segundo tira o gelo, se ele já se formou. Então, as aeronaves são muito bem equipadas com esses sistemas. Inclusive, o avião é homologado para voar em condição de gelo. Isso por si só, não é algo que necessita de alguma ação além do piloto, pois as aeronaves fornecem ferramentas para sanar os problemas", disse.

Para finalizar, Velasquez explicou detalhes das caixas-pretas presentes nas aeronaves.

“Todas as aeronaves comerciais são equipadas com duas caixas-pretas. Geralmente, uma grava toda a comunicação do avião durante o voo. A outra é responsável pela gravação dos dados do voo, como, por exemplo, informações de velocidade, altitude, temperatura, funcionamento dos motores, atuação dos comandantes, entre outras informações e ações”, ressaltou.

O caso está sendo investigado pelo Centro de Prevenção e Investigação de Acidentes Aéreos (CENIPA), por meio do Quarto Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa-IV).

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