O tear manual é uma técnica artesanal milenar conhecida por entrelaçar fios verticais e horizontais e transformá-los em tecidos. Estima que o tear tenha sido inventado a mais de 6.000 anos.
No início, os instrumentos para tecer a malha de lã eram rudimentares. O homem começou entrelaçando os fios em si mesmo, nas árvores. Depois, o instrumento tear foi ficando mais estruturado e evoluiu para o que conhecemos hoje em dia.
Apesar de o processo têxtil ter evoluído desde sua origem até os dias de hoje, a tecelagem manual e o tear têm seus espaços garantidos no dia a dia da comunidade tecelã e são muito valorizados, por seu valor artístico e também funcional.
Através das pisadas e das batidas do pente, as fibras de algodão vão ganhando forma de tecido, que se transformam em redes, mantas, tapetes, cachecóis e diversas possibilidades artísticas da mistura de fios, cores e texturas.
Resende Costa cultiva há dois séculos a produção de artesanato em tear manual, preciosidade que atravessa gerações.
Sua história está intimamente ligada à produção têxtil com o uso do tear manual, que teve início no século XIX, na Mesorregião do Campo das Vertentes – pertencente à Microrregião de São João Del Rei.
O artesanato produzido em Resende Costa nasceu das mãos hábeis de tecedeiras, ou “moças roceiras” e a originalidade dos produtos alcançou fama nacional. A produção local pode ser adquirida no comércio de vários estados brasileiros e até no exterior, por ser um tear mineiro autêntico, bonito e de qualidade.
A Avenida Alfredo Penido, porta de entrada da cidade, reúne mais de 80 lojas de artesanato. O colorido dos tecidos expostos em janelas e fachadas desperta a curiosidade de quem chega. É comum o visitante ouvir que “em Resende Costa toda casa tem um tear”, já que a produção e o comércio de colchas, tapetes, cortinas e outros tecidos envolvem boa parte da população, sendo que muitos artesãos ainda trabalham em casa ou em pequenas oficinas manuais.
O visitante se depara com um bonito colorido nas janelas das casas e nas portas do comércio. São as cores do seu notável artesanato têxtil.
Em Brumal, o mais antigo distrito de Santa Bárbara, tem nas peças tecidas a identidade local, produtos de tear inspirados nas formas, cores, histórias e personagens ligados à Cavalhada e à cultura local.
Fundado por bandeirantes no início do século XVIII, Brumal resguarda encantos da arquitetura colonial mineira e preserva saberes, fazeres e sabores do Ciclo do Ouro.
A produção da Casa das Tecelãs de Brumal, além de contribuir para preservação do patrimônio local, gera trabalhos temporários e aquece a economia local, destinando 25% da produção para remuneração de serviços de outras artesãs da comunidade.
Representando a paisagem natural e cultural da Vila nas peças, os temas e coleções traduzem nas tramas as essências nativas da região do Caraça.
Na Casa das Tecelãs os turistas têm a oportunidade de realizar oficinas e vivências de tecelagem, com direito a chá e biscoitos, além, é claro, de boas histórias, causos e lendas.
Já em Senhora do Carmo, distrito de Itabira, as mulheres artesãs criam e produzem peças de tecelagem artesanal inspiradas na cultura tropeira.
Fazenda das Cobras, Andaime, Onça, Carmo de Itabira, Nossa Senhora do Carmo e, finalmente em 1948, Senhora do Carmo.
O povoado começou a se formar no ciclo do ouro em meados do século XVIII com uma fazenda doada por carta de sesmaria a Crispim Crispiano. O que era produzido no local era escoado para as regiões de exploração aurífera pelos tropeiros e era essa a principal fonte de renda da população.
Inspirado nas cores, texturas e temas do tropeirismo, atividade econômica que deu origem ao distrito, o grupo de mulheres Flores Do Carmo resgatam, com simplicidade e afeto, através do modo de produção tradicional, o tear, histórias do local para criar peças inovadoras, que contam em forma e cor os caminhos do tropeirismo.
Com os teares são produzidos os tecidos que constroem padrões e misturam cores, criando a base para a diversidade de produtos, como mantas, almofadas, bolsas, acessórios e brinquedos, que são finalizados com crochê e bordado.
Banhado pelo Rio Tanque, afluente do Rio Doce, e cercado por belíssimas montanhas que fazem parte da Cordilheira do Espinhaço, Senhora do Carmo recebe um número significativo de visitantes por seus apelos naturais e culturais e pelos potenciais da região que cercam o distrito, em especial o povoado de Serra dos Alves.
Estrada Real: VIVA, EXPERIMENTE, DESCUBRA!