No final dos anos setenta, ao desembarcar nesse Belo Horizonte, fui arrebatado pelo jeito singular dessa cidade, que como eu, é reservada e expansiva.
Vim para trabalhar, e confesso que no início era desafiador, pois os segredos de BH são revelados àqueles que merecem. Sou grato por ter merecido descobri-los.
Alguns estranham, incapazes de perceber que, em sua embalagem de montanhas, está guardado o encanto de ser belo, sempre em busca de entender seus ilimitados horizontes.
Suas ruas, do desenho previsível da Contorno à complexidade caótica além dela, trazem sentido à compreensão do que é.
Puritana e enlouquecida, tímida e irreverente, ordenada e confusa - para mim, você é a cidade mais importante do planeta Terra. Talvez por isso eu implique tanto com seu trânsito desordenado, com seus motoristas que ignoram setas e com o descaso que, às vezes, você demonstra aos que a amam. Aliás, não gosto de você; amo você.
Quero vê-la transformada em algo ainda mais grandioso, mas sem perder sua essência, sua alma de Curral D’el Rey. Desejo continuar passeando por suas ruas e testemunhar a mistura harmoniosa do antigo com o novo.
Não a desenho com meus pincéis; aprecio o quadro vivo que você é. Amo seus "butecos", a linguagem peculiar da nossa gente, e peço licença para proclamar a todos que sou belo-horizontino, pois ser é pertencer, e eu pertenço a você.
Aqui, conquistei uma carreira profissional, criei meus dois filhos, fiz amigos e encontrei o amor.
Aqui espero permanecer até o fim dos meus dias, sempre declarando o quanto gosto de você.
Seus 126 anos de existência reforçam a importância que tem para seus habitantes, para o Brasil e para o mundo.
Parabéns, Belo Horizonte!