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Imagem: Geraldo Magela / Agência Senado

Cid detalha, em delação, plano de golpe de Bolsonaro

Seria bom se meus amigos abandonassem a barca furada de uma vez, afinal, já passaram vergonha o suficiente


Ricardo Kertzman

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Empresário, colunista e contestador por natureza. Reza a lenda que, ao nascer, antes mesmo de chorar, discutiu com o obstetra e reclamou do hospital. Seu temperamento impulsivo só não é maior que seu imenso bom coração


Tenho amigos muito queridos que, infelizmente, deixaram-se levar pelo transe golpista-negacionista-fantasioso-coletivo bolsonarista, que tomou conta do país durante praticamente todo o ano passado, agravado, em especial, a partir do início do segundo semestre, culminando na tentativa frustrada de golpe de Estado em 8 de janeiro próximo passado.

Muitos destes amigos, inclusive, se afastaram definitivamente - ou os afastei - de mim e do meu círculo social íntimo. Confesso, um pouco entristecido, que a maioria não tem me feito falta alguma, e isso mostra que perdi muito tempo com quem não deveria. Lado outro, a ausência de três ou quatro deixa minha vida menos rica e feliz.

À partir das revelações e provas sobre o escândalo das joias sauditas, a falsificação de cartões de vacinas e a cada vez mais comprovada tentativa de golpe de Estado, aqui e acolá, assistimos bolsonaristas fanáticos retornarem à realidade e, ainda que timidamente e certa forma contrariados - e envergonhados - admitirem que o “mito” era de barro (ou lama).

Para além de um embusteiro pastelão e um corrupto de menor potencial ofensivo, Bolsonaro representou - e representa - uma ameaça real à democracia brasileira. Parte da delação de Mauro Cid, pau-mandado íntimo de confiança do ex-presidente, travestido de “ajudante de ordens”, veio à tona nesta quinta-feira (21) e deixou tal fato ainda mais claro e evidente.

Cid detalhou o plano de golpe pretendido por Bolsonaro e incluiu uma das Três Armas, a Marinha, no topo da cadeia de comando da quadrilha golpista, ao afirmar que o Almirante Almir Garnier, comandante da Força, aceitou participar da tomada ilegal de poder. Importante: segundo o delator, a alta cúpula do Exército não aceitou a proposta.

Conversando, há pouco, com um dos amigos ocultos citados acima, ele - que compareceu à porta de quartel pedindo “intervenção militar constitucional” - argumentou o de praxe: “é apenas uma delação; cadê as provas?”. Outro, ainda relutante, me disse: “para sair da prisão o cara fala qualquer coisa”. Ambos repetem o costumeiro padrão negacionista-envergonhado.

Uma delação só é homologada diante de provas, e Cid terá de apresentá-las (se já não as apresentou). Mas o que veio à tona ratifica precisa e integralmente o “passo a passo” que observamos a partir da vitória de Lula, em 30 de outubro de 2022. Seria bom se meus amigos abandonassem a barca furada de uma vez, afinal, já passaram vergonha o suficiente.

* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
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