O presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve ontem, quinta-feira (10), no Rio de Janeiro, em uma série de compromissos eleitorais (eleitorais? Sim, eleitorais, hehe) com o prefeito Eduardo Paes (PSD) e o governador Cláudio Castro (PL).
Em meio à agenda do dia, Lula anunciou investimentos federais na ordem de R$ 2,6 bilhões com vias à melhoria da mobilidade na capital fluminense, dentre as quais, a construção de um anel viário na região de Campo Grande, na zona oeste do Rio.
A maior parte do dinheiro — R$ 1.8 bilhão — irá para reformas do sistema BRT, mas o que me interessa, e à população da Grande BH, é o aporte de R$ 820 milhões no tal anel viário que citei acima. Por quê? Ora, porque existe um outro anel, o Rodoviário, em BH, que pertence à União e encontra-se, como todos sabem, largado há décadas.
Dia sim, outro também, acidentes — muitos deles fatais — infernizam a vida de milhares de pessoas que trafegam naquela verdadeira avenida da morte, causando prejuízos materiais e danos diários à saúde mental de quem por lá tem a infelicidade de ter de passar.
Buracos, ou melhor, crateras, falta de sinalização (horizontal e vertical), mato invadindo a pista, faixas interrompidas sem aviso, saídas e entradas indignas até para uma mísera estrada vicinal, enfim, precariedade de toda sorte e para todos os gostos, além, claro, de muitos radares de velocidade — afinal, multar (e arrecadar) é preciso.
Não há prefeito de Belo Horizonte que não tenha tentado, com mais ou menos empenho, municipalizar aquela estrovenga. Porém, o governo federal (todos!) sempre obstaculizou a iniciativa, ora prometendo investimentos — que nunca chegaram —, ora recusando-se a destinar verbas em caso de transferência para o município.
Ano passado, como de costume, os candidatos (Lula e Bolsonaro) visitaram Belo Horizonte e Minas Gerais freneticamente, durante a campanha, em busca dos votos decisivos — Minas é, além de o segundo maior colégio eleitoral do país, o estado que historicamente decide as eleições. Contudo, uma vez eleito, também como de costume, Lula jamais retornou à BH — provavelmente só se lembrará que existimos na próxima campanha.
Ao “cuspir no prato em que comeu”, Lula demonstra, mais uma vez, todo seu desprezo e mero interesse eleitoreiro em relação aos mineiros, o que vale dizer: para o Rio (e seu anel viário), tudo. Ou melhor, R$ 820 milhões.
Para BH e o Anel Rodoviário, nada. Ou melhor, mortes e destruição. Espero que os eleitores se lembrem disso em 2026.
P.S.: Não me venham os bolsonaristas falar do “mito”, porque em quatro anos, este senhor não fez absolutamente nada por Belo Horizonte, talkey?