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Imagem: Pexels / Divulgação

Nós contra eles? Eles contra nós?

Uma discussão sobre o que está por trás da disputa pela razão na política brasileira e quem são os verdadeiros derrotados nesta guerra de narrativas


Gustavo Figueiroa

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Consultor Jurídico na área de Infraestrutura, concessões de serviços públicos e na estruturação jurídica de negócios privados. Graduado e Mestre em Direito. Professor em cursos de Graduação e Pós-Graduação.


Nos últimos anos, o mundo vem enfrentando uma "disputa" por uma das maiores conquistas da Idade Moderna: a razão. É impressionante como, nos dias atuais, existem pessoas que se acham donas deste "patrimônio" criado após os tempos "sombrios" da Idade Média.

É exatamente essa "guerra", potencializada pela alocação dos algoritmos nas redes sociais, que vem acirrando os conflitos políticos no mundo atual. Onde já se imaginou ministro do Supremo Tribunal Federal subir em palanque de movimento estudantil para afirmar que derrotou determinado grupo político? Claramente a sua parcialidade de magistrado está contaminada por expressar a sua "razão" política como sendo a única vitoriosa no processo eleitoral. 

Esse grupo político "derrotado" pelo ministro do STF também questionou a ciência e impôs a sua própria "razão" científica para fortalecer exclusivamente o discurso para seu grupo político durante uma das mais terríveis pandemias da história da humanidade. 

É difícil de acreditar que, enquanto os poderosos da República disputam quem são os donos da razão em Brasília, uma parte da população brasileira tenta suprir a falta de ações do poder público brasileiro para o desenvolvimento econômico e social do país. 

Foi exatamente essa a minha percepção quando estive, durante toda a semana passada, na minha querida cidade de Carmo da Cachoeira, no Sul de Minas. Foi uma experiência fantástica, além de visitar amigos e clientes em outras cidades da região, aproveitei a famosa Festa de Julho na Praça do Carmo e pude matar a saudade da melhor culinária do mundo feita pela minha querida mãe Valéria

Fiquei  impressionado como a região vem se desenvolvendo distante dos holofotes da guerra de narrativas em Brasília. Participei da AgroTrês, feira de negócios e soluções agrícolas, de Três Corações e conversei muito com comerciantes, produtores rurais, prestadores de serviços e identifiquei que as suas atividades e demandas estão muito longe dos interesses particulares das pessoas que governam o Brasil. 

A realização desse evento, como ocorre em muitos lugares no Brasil, demonstra a real necessidade dos setores produtivos de conectar pessoas e negócios, e desenvolver, na minha opinião, uma política de soluções para os problemas reais, algo muito distante da política beligerante exercida pelos mandatários e magistrados em Brasília. 

Algumas entidades do setor produtivo e da sociedade civil organizada são as que tentam exercer uma nova política em nosso país, pois buscam soluções e debates importantes para ampliar a geração e circulação de riqueza no Brasil. No mundo atual é impossível pensar em setores da economia de forma totalmente isolada. 

Não há que se falar em um agro ou mineração forte, sem uma estrutura de indústria, comércio e serviços também fortes, que se conectam e geram negócios, tendo como resultado o desenvolvimento econômico e social do país. O que é que gera riqueza para o desenvolvimento do Brasil? A conexão forte com todos esses setores produtivos ou as emendas impositivas/secretas encaminhadas aos currais eleitorais pelos detentores da "razão" política em Brasília?

É evidente que não há vencedores na disputa do "eles contra nós" ou de "nós contra eles", mas é certo que sabemos quem são os perdedores. No entanto, os gladiadores desta disputa querem mais espetáculos no Coliseu de Brasília, pois a famosa política do pão e circo da Roma antiga, será ainda a "razão" utilizada por eles para governar e enganar o nosso país.  "A razão é um sol impiedoso; ela ilumina, mas cega.“ - Romain Rolland.

* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
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