O resultado nominal do setor público consolidado no Brasil está pior do que durante o auge da pandemia de COVID-19. Enquanto em 2020 os déficits eram justificados por gastos emergenciais, hoje a deterioração reflete o descontrole fiscal estrutural, mesmo em um cenário econômico menos adverso. A alta taxa de juros, o crescimento desordenado de despesas obrigatórias e a estagnação econômica colocam o país em rota perigosa. E, apesar do cenário alarmante, o governo Lula parece preso ao histórico de inação e falta de compromisso com ajustes fiscais, agravando ainda mais o buraco fiscal.
O Executivo tem nas mãos a oportunidade de implementar medidas imediatas, sem necessidade de aprovação legislativa, para reduzir até R$ 50 bilhões em despesas. Propostas viáveis incluem a revisão do seguro-desemprego e do abono salarial, limitando-os a critérios mais rigorosos, além do combate a fraudes em programas como Proagro e Pronaf. Na educação, ajustes no Fundeb podem otimizar os repasses, enquanto auditorias em benefícios como Bolsa Família e BPC eliminariam pagamentos indevidos. Por fim, cortar supersalários no serviço público, ajustando-os ao teto constitucional, representaria uma economia significativa.
Apesar das soluções disponíveis, o histórico do Partido dos Trabalhadores (PT) não inspira confiança. Governos anteriores priorizaram o aumento do gasto público como ferramenta política, mesmo quando isso comprometia a sustentabilidade fiscal. Essa prática não só agrava o déficit, mas também inviabiliza uma recuperação consistente, deixando o brasileiro médio à mercê de uma crise ainda mais profunda.
A ausência de ação diante desse cenário só reforça o ciclo de desesperança. Uma crise fiscal impacta diretamente a vida dos brasileiros: inflação alta, juros exorbitantes, encarecimento de alimentos e combustíveis, cortes em programas sociais e precarização dos serviços públicos. Em um país que já sofreu tanto com as consequências econômicas e sociais da pandemia, o descontrole atual parece um descaso com o futuro da nação.
Sem ações concretas, o Brasil pode repetir os piores erros do passado recente. A falta de responsabilidade fiscal ameaça não só o equilíbrio das contas públicas, mas também a qualidade de vida de milhões de brasileiros, especialmente os mais vulneráveis, que sempre acabam pagando o preço mais alto pelas escolhas erradas.