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Imagem: Divulgação / PBH

Pode faltar agulha e linha

A pouco mais de um ano para as eleições para Prefeito de BH, costuras políticas agitam os bastidores da capital mineira


Paulo Leite

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Sociólogo e jornalista. Colunista dos programas Central 98 e 98 Talks.


O cenário para as eleições municipais de outubro de 2024 em Belo Horizonte se assemelha a uma verdadeira colcha de retalhos. O número de pré-candidaturas que se apresentam na caça aos votos dos eleitores é grande, e só traz uma certeza para a disputa eleitoral na capital mineira. Dois lados irão se antagonizar pilotados por protagonistas que estarão de olho nas eleições de 2026. 

Não se apresse leitor, achando que estou simplificando a bilateralidade olhando para a tradicional bipolaridade que assola a nação. Falo de uma disputa que colocará Belo Horizonte como palco central da disputa entre o governador do estado Romeu Zema e o presidente Lula.

Deixemos, por enquanto, a disputa de 2026 de lado e acendamos as luzes para 2024. Zema jogará muitas de suas cartas na eleição em BH, para isso ele terá que resolver um caminhão de problemas. Dois dos mais destacados integrantes do seu governo, o vice-governador Mateus Simões e o secretário de Casa Civil Marcelo Aro, colocarão todas as suas forças em ação para a eleição do prefeito da capital. Os dois também estão olhando com atenção para 2026. 

Mateus tentará mais uma vez emplacar, ao lado de João Vitor Xavier, o nome do jornalista e radialista Eduardo Costa tendo como sua vice a vereadora Fernanda Altoé do Partido Novo. Essa costura, já definida em reunião, acalma o Novo e acena para o apoio do empresário Rubens Menin, que tem em João Vitor seu fiel escudeiro. O único temor dessa união, Costa/Altoé, é a possibilidade de fritura do jornalista como nas eleições de 2022. Eduardo é um apaixonado e a política é pragmática.

Pelos lados do secretário Marcelo Aro até então desponta o apoio ao atual prefeito Fuad Noman. Fuad também está na mira do grupo lulista, mas isso é assunto para daqui a pouco. Aro tem feito de tudo para aproximar Zema de Fuad e de tudo e mais um pouco para ser o fiel da balança na prefeitura e na Câmara da capital. Junte-se a isso o esforço dele para juntar na mesma mesa Fuad e Menin. “Minha casa, minha vida” pode ser o pavimento que facilite essa união, afinal de contas a promessa de construção por parte do prefeito de 4.500 moradias populares soa como música para o megaempresário.

E aí Zema terá que se decidir. Costa ou Fuad? Quem será mais atraente para as suas aspirações, olhando para 2026? E Mateus e Aro, que também estão como os radares apontados para lá. Qual dos dois terá mais argumentos para convencer o governador?

Do lado de Lula, três nomes são os mais cotados. O atual ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que tem o apoio do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Pacheco quer emplacar Silveira para demonstrar força para sua candidatura ao governo em 2026 e para isso tem se aproximado muito do presidente Lula.

O outro nome no bolso do colete de Luiz Inácio é o de Fuad Noman. O apoio dado por Alexandre Kalil à Lula em Minas é o aval dessa possível escolha, embora digam pelos bares das seis pistas que Kalil e Fuad não andam assim tão próximos. Fuad é PSD de Kassab, assim como Pacheco, Kalil e Silveira. O hábil Gilberto Kassab tem uma batata quente nas suas mãos.

Encerrando as opções lulistas aparece o nome de Rogério Correia, deputado federal pelo PT. Apoiado pelos classistas e por uma ala identitária do partido ele seria um candidato chapa pura, um antigo sonho dos petistas mineiros. A chance de sua candidatura decolar é mínima e por isso é o menos cotado para ser o ungido pelo presidente.

Ah, perguntarão os mais apressados, e os outros nomes que aparecem nos bastidores da política? Calma, direi eu.

Vamos lá. O nome de Duda Salabert, deputada federal pelo PDT, que aparece nas pesquisas está mais para balão de ensaio do que como opção de candidatura. Assim como os nomes de Mauro Tramonte dos Republicanos e Bruno Engler do PL.

Duda tem suas bases firmadas nas causas identitárias, ótimas para eleições proporcionais, mas sem o mesmo apelo para os cargos do executivo. Duda terá que se esforçar muito para ser percebida fora das suas tradicionais bases e isso torna sua candidatura quase inviável.

Tramonte aparece em uma pesquisa feita pelo Data Tempo, leia-se Vittorio Medioli, e ao que tudo indica, a julgar pelas amostras de outros institutos essa pesquisa tem um jeitão de balão de ensaio puro.

Engler terá que contar com a sorte. Foi um poderoso cabo eleitoral de Bolsonaro em BH nas eleições de 2022 e espera a retribuição do ex-presidente. Porém Jair Messias está mais preocupado em livrar-se dos imbróglios que se meteu do que no apoio de candidaturas. Se ele se livrar dos enroscos pode ser atraente nos palanques de Bruno.

Resta ainda o nome de Gabriel Azevedo, presidente da Câmara dos Vereadores e com um pedido de cassação contra ele. Gabriel era um nome em ascensão, mas como dizem por aí, queimou a largada. Conta com uma improvável conjunção de planetas e ainda tem que se preocupar com o processo que corre na Câmara. É sorte demais para tempo de menos.

Como se vê ou faltará agulha, ou linha para tecer essa colcha de retalho. Pode ser que nesse cenário surja um bom costureiro ou uma boa costureira, porque há um nome feminino correndo por fora, mas isso é assunto para outra conversa.

* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
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