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Produzir aço com sucata: Golaço para a Economia Circular e Logística Reversa

Complementar a produção do aço brasileiro, a sucata é a alternativa sustentável para alavancar a sideurgia nacional


Ênio Fonseca

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Engenheiro Florestal especialista em gestao socioambiental, gestor de sustentabilidade na AMF. CEO da Pack of Wolves Assessoria Socioambiental, Conselheiro do FMASE. Foi Superintendente do Ibama, Conselheiro do Copam e Superintendente de Gestão Ambiental da Cemig. Membro do IBRADES.


A sucata é utilizada em apenas 25% da produção no aço bruto no Brasil

Para entender a oportunidade que o país tem de incrementar a cadeia da siderurgia, devemos relembrar dois conceitos que estão preconizados nos Objetivos do desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, no ESG e no desenvolvimento sustentável.

Economia circular é um conceito que associa desenvolvimento econômico a um melhor uso de recursos naturais, por meio de novos modelos de negócios e da otimização nos processos de fabricação com menor dependência de matéria-prima virgem, priorizando insumos mais duráveis, recicláveis e renováveis.

No meio da Economia circular, podemos dizer que a logística reversa é uma ferramenta/método que pode ajudar na vida útil dos recursos. A logística reversa é um dos instrumentos para aplicação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos - PNRS define a logística reversa como um “instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada".

Sucata ou resíduo", segundo a legislação fiscal, é considerada "a mercadoria que se torna definitiva e totalmente inservível para o uso a que se destinava originariamente e que só se preste ao emprego, como matéria-prima, na fabricação de outro produto".

De acordo com a pesquisadora Sandra Lucia de Moraes, conselheira da Associação Brasileira de Metalurgia, Materiais e Mineração (ABM), em artigo publicado no Valor Econômico “A sucata ferrosa, um dos insumos mais reciclados do mundo, é matéria-prima na produção de aço de qualidade desde que os primeiros fornos elétricos a arco (FEA) chegaram ao país, na década de 1940. Espécie de reator metalúrgico, o equipamento derrete o insumo, não depende do minério de ferro para manufatura, emite menos gases e é versátil e compacto. Porém, apesar de mais limpa, a tecnologia responde por só 25% da produção nacional do aço bruto”

Para ela , “uma cadeia reversa mais organizada poderia elevar essa porcentagem. Temos a política nacional de resíduos sólidos, mas falta a aplicação da lei. A sucata precisa ser tratada como um negócio, competindo no mercado de igual para igual com outros insumos. Infelizmente, porém, existem elos na cadeia que não se conectam”, lamenta. “As cooperativas estão avançando em mecanização mas, se a seleção da coleta não for bem feita na origem, na ponta do consumidor, não dará certo. Além disso, o preço dos rejeitos precisa ser competitivo no mercado. Economia circular tem que ser pensada como um modelo de negócio”, afirma.

No ano passado, enquanto a produção nacional de aço bruto atingiu 34 milhões de toneladas, o setor incorporou 8,9 milhões de toneladas de sucata como matéria-prima. O Brasil é o nono maior produtor de aço, mas não figura no ranking dos países que mais usam o resíduo nas fábricas - a China lidera, de longe, ambos os rankings. A integração na cadeia reversa dos eletroeletrônicos, setor conectado ao mineral, tem acontecido até por força de acordos setoriais. Vemos que muitas indústrias estão praticando a economia circular e não sabem.

A Siderúrgica Gerdau, é a maior recicladora de sucata da América Latina, produzindo 6 milhões de toneladas anuais de aço no país dos quais 2,5 milhões de toneladas advêm da fabricação via “rota secundária”, por meio de aproveitamento de sucata mediante o uso dos fornos elétricos.

Com o objetivo de se incrementar a cadeia da Siderurgia nacional foi assinado no Encontro dos Municípios Mineradores do Brasil um Protocolo de Intenções entre a AMIG, o Sindicato da Indústria do Ferro do Estado de Minas Gerais (Sindifer), e a Associação de Mineradoras de Ferro do Brasil (Amfbr). O termo tem por objeto a cooperação mútua das partes para realização de debates, proposição e execução de ações relacionadas ao desenvolvimento sustentável da indústria siderúrgica de Minas Gerais,e do Brasil, de modo a resguardar as condições de preferência e/ou prioridade no mercado no que tange à matéria prima necessária para a transformação mineral, de segurança operacional, das pessoas e do meio ambiente, bem como contribuir para manter um horizonte perene de segurança jurídica e competitividade plena ao setor siderúrgico mineiro e brasileiro,

A indústria siderúrgica a carvão vegetal produz o ferro gusa , a partir do minério de ferro, um insumo para a produção de de aço, inclusive o aço verde, sendo um segmento importante na economia nacional, e que tem um grande potencial de crescimento.

O uso de sucata se apresenta como uma alternativa complementar ao incremento da produção do aço brasileiro, valorizando procedimentos preconizados na economia circular e na logística reversa.

* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
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