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Imagem: Pixbay / Reprodução

Todo o poder emana do povo? E em seu nome é exercido?

Algumas reflexões sobre como as decisões obscuras do Estado Brasileiro são as que claramente redigem a história do nosso país.


Gustavo Figueiroa

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Consultor Jurídico na área de Infraestrutura, concessões de serviços públicos e na estruturação jurídica de negócios privados. Graduado e Mestre em Direito. Professor em cursos de Graduação e Pós-Graduação.


No início da minha adolescência, lembro como se fosse ontem, a conversa que tive com meu pai Milton e que hoje é o resultado do maior patrimônio que eu tenho: os meus amigos.

Nessa conversa, ele me disse que as amizades existem para nos ajudar a crescer em conhecimento sobre a vida e o mundo, e que deveria procurar sempre estar próximo de pessoas boas e com os mesmos valores que ele e minha mãe Valéria me ensinaram.

E como foi fantástico receber diversas opiniões de amigos sobre a coluna anterior que eu escrevi, pois foram interpretações muito além dos limites intelectuais deste colunista. E já pensaram se existisse somente uma interpretação impositiva do autor que escreveu sobre a sua visão da Liberdade?

Poderia levá-lo imediatamente para fazer companhia ao Dr. Simão Bacamarte, no Hospital Casa Verde. Personagem principal do conto o Alienista de Machado de Assis, que era cientista brasileiro, com grande reconhecimento profissional em Portugal, com títulos nas maiores universidades do século XVIII, mas que na sua essência era ditador das regras e dos comportamentos humanos, e construiu o hospital chamado Casa Verde com recursos tributários dos habitantes da cidade de Itaguaí.

Sobre este ícone machadiano e sua Casa Verde, falaremos ao final deste texto. Mas são meus amigos, cada um com sua diversidade de pensamento político, seja pelo whatsapp, redes sociais, ou nas mesas de bares e restaurantes, às vezes acompanhado de negroni ou taças de vinho, que tem me ajudado a entender como as decisões obscuras do Estado Brasileiro são as que claramente redigem a história do nosso país. 

E nas últimas semanas conversei bastante com os meus amigos sobre os bastidores das decisões políticas no Brasil, principalmente referente a Reforma Tributária express. Estávamos buscando entender o que faziam alguns "seletos" ministros do Supremo, do STJ, deputados, advogados, senadores, banqueiros e empresários, em Portugal, onde participaram de dois "congressos", organizados por brasileiros, para discutir sobre Democracia e Estado de Direito, há menos de um mês da votação da reforma tributária.

O que levou esse grupo "privilegiado" a voltar ao país colonizador para discutir as grandes decisões sobre o futuro da nação e da Democracia do país colonizado? O que falaram e o que fizeram somente as paredes dos belos e premiados restaurantes lusitanos saberiam nos dizer.

Como não temos esse poder, vamos necessitar da ajuda de Machado de Assis. Não há dúvidas de que precisamos urgentemente de uma reforma tributária para alavancar o desenvolvimento do país.

O tema é discutido amplamente há décadas no Brasil. Mas seria correto aprovar o projeto de lei em menos de 24 horas da divulgação do texto legal? Uma coisa é discutir o tema, outra coisa totalmente diferente é discutir o texto da lei que foi aprovada.

Essa situação me fez imaginar como reagiria o Maurição, pai do meu grande amigo João Gabriel, pois quando éramos adolescentes, sempre nos dizia que tudo que custasse mais de R$ 100,00, precisaria de, pelo menos, 24 horas de reflexão.

Que Democracia e Estado de Direito é esse discutido em Portugal e aplicado em Brasília? Os prédios dos Poderes Constituídos seriam a Casa Verde do conto o Alienista de Machado de Assis? E teríamos mais de um Dr Simão Bacamarte tomando as decisões do futuro da nossa nação? São perguntas e mais perguntas, que convido aos meus amigos, de preferência em bares e restaurantes de BH, bairrista que sou, prefiro comida mineira em relação a portuguesa, a me ajudarem a desvendar as obscuridades da história brasileira que está sendo escrita por poucas pessoas em solo português.

E por fim, me resta agradecer imensamente a Machado de Assis por nos ajudar, há mais de um século, a desvendar os mistérios da política brasileira. "A vaidade é um princípio de corrupção." Machado de Assis na obra Dom Casmurro, em 1899.

* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
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