A Comissão Justiça e Paz de São Paulo lançará nesta sexta-feira,11, uma campanha para pressionar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a doar parte dos R$ 17 milhões que recebeu em doações via Pix para crianças e adolescentes que ficaram órfãos durante a pandemia de covid-19. A ideia é que o ex-chefe do Executivo transfira para esses grupos o que sobrar após o pagamento das multas.
Ao Estadão, o presidente da Comissão Justiça e Paz de São Paulo, Antonio Funari, afirmou que a campanha é uma resposta à declaração feita pelo ex-presidente quanto ao valor restante do montante. "A ideia surgiu quando houve aquela manifestação do Bolsonaro de que o dinheiro que eles receberam dariam para pagar as multas e tomar garapa com pastel. A campanha é uma resposta ao escárnio que ele fez em relação a essa questão", disse.
Na última semana, ao confirmar que recebeu as doações via Pix, Bolsonaro afirmou que os recursos servirão para pagar suas contas e ainda ironizou ao dizer que as sobras dará para comer "pastel com caldo de cana" com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
"Obrigado a todos aqueles que colaboraram comigo no Pix há poucas semanas", afirmou. "Dá para pagar todas as minhas contas e ainda sobra dinheiro aqui para a gente tomar um caldo de cana e comer um pastel com a dona Michelle", disse o ex-presidente durante um encontro do PL Mulher em Santa Catarina em julho.
PIXs de Bolsonaro
Relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) mostrou que o ex-presidente recebeu R$ 17,1 milhões em suas contas por meio de transferências bancárias realizadas por Pix entre os dias 1º de janeiro e 4 de julho deste ano. O valor arrecadado corresponde a quase à totalidade do valor que circulou nas contas de Bolsonaro em 2023: R$ 18.498.532. Os registros bancários feitos pelo Coaf ainda indicam que parte esses recursos teriam sido convertidos em aplicações financeiras.
Em junho, apoiadores de Bolsonaro promoveram uma vaquinha via Pix pelas redes sociais para o ex-presidente. O objetivo era arrecadar dinheiro para o pagamento de multas judiciais, sob a justificativa de que ele era vítima de "assédio judicial" e que precisava de ajuda para quitar "diversas multas em processos absurdos". Aliados de Bolsonaro publicaram nas redes sociais comprovantes de depósitos que iam de R$ 10 a R$ 1 mil.
Como mostrou o Estadão, o ex-presidente distribuiu diretamente para a própria família parte dos R$ 17,1 milhões que arrecadou via Pix. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, a lotérica do irmão dele, Angelo, e a síndica do condomínio onde vive o filho Eduardo, em Brasília, receberam, juntos, R$ 148,3 mil, entre janeiro e julho deste ano.