O Setor de mineração tem reconhecida importância na cadeia produtiva nacional e internacional. Bens minerais estão presentes praticamente em tudo no nosso dia a dia. Na água que bebemos, nos fertilizantes que garantem a produção de alimentos, na construção civil, nos transportes, na geração, transmissão e distribuição de energia, em produtos diversos, além de gerar, em nosso país, mais de 200 mil empregos diretos e robusta arrecadação para o toda a economia e para o setor público.
A percepção do setor pela sociedade vem sendo acompanhada de perto por uma iniciativa intitulada “Reputação do Setor de Mineração no Brasil- Percepções e expectativas da Sociedade e de stakeholders estratégicos", realizada pelo IBRAM - Instituto Brasileiro de Mineração, junto com a empresa especializada RepTrak TEAM, cujos dados mais recentes foram apresentados à sociedade no mês de junho de 2023.
De acordo com o documento temos as seguintes considerações:
As 4 interfaces que formam a formam a percepção são:
1) Atuação/Experiência Direta ( O que o setor faz?)
2) Comunicação ( O que o setor fala?)
3) Terceiros ( O que outros falam sobre o setor?)
4) Contexto ( O que acontece no Brasil e no mundo?)
As duas primeiras podem ser mais controladas. Contudo, as duas últimas acontecem independente da atuação do setor/ da empresa.
Quanto ao perfil dos públicos pesquisados foram feitas 1000 avaliações quantitativas on-line entre 31/01 a 04/02/2023, sendo 49,4% do público masculino e 50,6% do público feminino distribuídas nas seguintes regiões: Norte 9,1%, Nordeste 28,5%, Sudeste 39,9%, Sul 14,6%,Centro-Oeste 7,8%.
Quanto à distribuição nas classes sociais tivemos: A 37,6%, B 47,3%, C 14,2% e D/E 0,9%
A reputação do setor junto ao público geral, no relatório de 2023, se situou no patamar 63,1% considerado mediano. Há um resfriamento da percepção, registrando 63,1 pontos na média geral – recuo de 2,9 pts na comparação com 2022.
Um elemento que surge mais forte e indica um impacto negativo nessa onda é a questão do garimpo e relação deste com o meio ambiente e os povos originários.
Há críticas fortes nesse sentido em diferentes estados do Brasil. Especialmente o público feminino e faixa de 45 a 64 anos mostra-se bem crítico a isso.
Dentre os aspectos racionais, a queda principal ocorre no fator "promove a geração de emprego e renda nas comunidades" com queda de -6,3 pontos. Também a avaliação de contribuição para o desenvolvimento do país e contribuição positiva à sociedade é mais baixa. E em ambiente de trabalho, registra-se um recuo forte também, seguido de uma queda na intenção de trabalhar no setor.
Há iniciativas positivas e que geram algum reconhecimento, mas não são suficientes para evitar a queda - especialmente porque dividem espaço com os temas negativos que fazem emergir preocupações antigas e não sanadas.
Quanto à percepção do setor pelos principais segmentos temos:
Junto à Imprensa: fraca/mediana; junto às Entidades de Classe: mediana/forte; junto ao Poder Público: mediana/forte; junto às Lideranças Comunitárias: fraca/mediana; junto aos Fornecedores: mediana; junto às ONGs: mediana; junto aos Empregados: forte.
Falas espontâneas trazem um peso forte à questão de segurança operacional, transparência e mineração sustentável para o resgate da confiança do setor.
Um levantamento detalhado como este, é uma iniciativa de transparência importante levado a efeito pelo IBRAM, e que conta com o apoio de diversas outras associações setoriais, como a Associação Mineradores de Ferro do Brasil- AMF. Conhecer a percepção dos diferentes stakeholders é essencial na busca de um relacionamento transparente, no entendimento dos desejos da sociedade, e na adoção das melhores práticas de sustentabilidade definidas nos conceitos ESG e nas ODS 2030 da ONU.