Até quinta-feira (9) às 18h00, esses eram alguns números da tragédia gaúcha:
107 mortos;
134 desaparecidos;
754 feridos;
1.742.969 afetados;
68.519 em abrigos;
85,3 mil casas destruídas ou danificadas
Salvar pessoas e curá-las é a prioridade agora. Depois vem a reconstrução. Mas reconstruir tudo nas mesmas bases não vai resolver o problema. Sem mudar o padrão de ocupação do território, novas tragédias sobrevirão. E começaremos novamente a procurar culpados em vez de buscar soluções.
O diabo é que, num ambiente polarizado por dois populismos em permanente guerra eleitoreira, é inevitável a politização da tragédia gaúcha.
Os lulopetistas disputam um campeonato de quem é mais solidário, acusando os bolsonaristas de negacionistas do clima e insensíveis e chamando o governador Eduardo Leite de "Zelensky neoliberal" irresponsável. É o medo de Eduardo vir, em algum futuro não tão distante, se viabilizar como candidato à presidência da República.
Os bolsonaristas, por sua vez, esperam que a culpa recaia sobre Lula e acusam o governo federal de dificultar a ajuda humanitária dos cidadãos.
A verdade é que o país nunca esteve preparado para enfrentar uma catástrofe dessa magnitude e nenhum governo ou corrente política podem ser individualmente responsabilizados por isso.
Nossa tragédia política é que essa politização perversa tende a continuar - pelo menos até 2026 ou, quem sabe, 2030.
Mas nenhum governo a ser eleito nas próximas disputas dará conta de resolver o problema ambiental, ligado aos ciclos de aquecimento do planeta, ao aquecimento global e à modificação do regime das chuvas. Só um grande pacto nacional, reunindo todas as forças políticas, poderia ter chances de encontrar e implementar uma solução. Entretanto, isso é inviabilizado pela polarização.