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Imagem: Katsuyoshi Tanaka

Artesanato da Estrada Real

Beleza e tradição no coração de Minas


Daniel Magalhães Junqueira

Entretenimento

Coluna de Turismo assinada por Daniel Magalhães Junqueira - Presidente do Instituto Estrada Real


O ouro extraído das Gerais no século 18 serviu como matéria-prima para a produção artesanal de joias, cunhagem de moedas, peças sacras e outros tantos adornos destinados a servir a realeza e ao clero. O ouro acabou, mas outras tradições se mantiveram com vigor em uma nova tradução nas mãos dos artesãos.

Pra quem quer conhecer a cultura local, não faltam oportunidades dessa diversidade nos caminhos da Estrada Real, podendo levar consigo além as experiências, uma linda lembrança da viagem para casa.

Transmitida de geração a geração, os trabalhos artesanais têm uma identificação profunda com o folclore, e cada região tem uma característica peculiar. Listamos hoje alguns artesanatos marcantes para conferir quando estiver viajando pela Estrada Real.

Diamantina - Tapetes Arraiolos: Diamantina é uma das poucas cidades no mundo cuja arte de fazer tapete Arraiolos é reconhecida como autêntica, podendo os artesãos da cidade usar o nome Arraiolos em seus tapetes, já que a arte segue as tradições de confecção original.

 A técnica de fazer esse tipo de tapete não veio com os colonizadores e sim de uma iniciativa do arcebispo Dom Geraldo de Proensa Sigaud, em 1975, que convidou o casal de portugueses para ensinar a arte de confeccionar tapetes para moradores da região, visando criar nova fonte de renda para famílias carentes do Vale do Jequitinhonha.

Rezende Costa - Textil: Resende Costa é um povoado colorido por seus teares autenticamente mineiros. Quando chega à cidade, o visitante se depara com um bonito colorido nas janelas das casas e nas portas do comércio. São as cores do seu notável artesanato têxtil.

É comum ouvir que “em Resende Costa toda casa tem um tear”, já que a produção e o comércio de colchas, tapetes, cortinas e outros tecidos envolvem boa parte da população, sendo que muitos artesãos ainda trabalham em casa ou em pequenas oficinas manuais.

Ouro Preto - Pedra Sabão: O inigualável trabalho em pedra sabão de Aleijadinho, grande representante do barroco mineiro, deixou um importante legado.  A fachada da Igreja São Francisco de Assis, em Ouro Preto, e também as 12 estátuas dos profetas espalhadas no Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas são os mais conhecidos.

A partir de sua relevância para a história da arte, até hoje réplicas dessas e outras tantas peças em pedra sabão são encontradas em diversas feiras de artesanato mineiras, como na Feira do Largo de Coimbra, em Ouro Preto, como uma forma do turista carregar um pedacinho da grandiosidade do barroco mineiro visto de perto.

Prados - Madeira: O artesanato em madeira é produzido em regiões diversas do estado, sendo as peças mais comuns temáticas religiosas, imagens de santos, personagens históricas, recriações de animais e carrancas.

Prados ficou conhecido por suas esculturas de animais de madeira, algumas em tamanho natural e seu distrito Vitoriano Veloso, mais conhecido como Bichinho, se destaca com produção de móveis e esculturas feitas de madeira de demolição, influenciando o trabalho de muitos artesãos e artistas.

São João Del Rei - Estanho: O estanho era sinônimo de luxo nas casas coloniais brasileiras do século XVIII. Atualmente a produção, exclusiva no Brasil, é uma expressão do patrimônio imaterial que consolidam características de tradição e identidade histórico-cultural da cidade. O turista além de adquirir jogos de chá e jarras de estilo medieval, pode ter a experiência de conhecer o processo de produção.

Baependi - Palha: A palha de milho é matéria prima para a produção agroartesanal, transformando em fonte de trabalho e renda para muitas famílias. O artesanato em palha de milho traz design às bolsas, cestos, móveis, como cadeiras e mesas, e objetos de decoração, e podem ser encontrados em Baependi.

Cunha/SP - Cerâmica: A cidade de Cunha é reconhecida como o maior núcleo de cerâmica de arte de alta temperatura do país e da América do Sul.

A qualidade artística dos ateliês espalhados pela cidade encanta a todos com peças inspiradas em variadas influências, desde a indígena-ibérica das paneleiras à oriental, introduzida em 1975, com direito a forno Noborigama para a queima das peças.

Abertos à visitação, os ateliês oferecem apresentações inesquecíveis para os turistas, onde se pode presenciar as técnicas da transformação da argila em cerâmica, e da queima tanto em forno Noborigama , com queimas feitas a altas temperaturas quanto à gás (Raku). 

Cunha é como uma enorme galeria de arte, onde é possível apreciar a beleza, criatividade e singularidade que lhe conferem a denominação de “cerâmica de autor”.

Em Minas, o artesanato em cerâmica, é de origem indígena e desenvolvido especialmente nos vales do Jequitinhonha e São Francisco.

Não há como não se encantar com a versatilidade do artesanato da Estrada Real. Estrada Real: uma estrada, seu destino!

* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
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