Segundo alguns especialistas, o uso de telas por crianças pode ter efeitos nocivos para a sua visão, audição, sono, atenção, memória, linguagem, criatividade e autoestima. Além disso, o contato com conteúdo impróprios, violentos ou falsos pode afetar a sua formação moral, ética e crítica. Por isso, é recomendado que os pais ou responsáveis limitem o tempo e a qualidade do acesso das crianças aos meios digitais, e que acompanhem e orientem o seu consumo.
Outro ponto importante a ser considerado é o papel das telas como babás eletrônicas. Muitos pais ou responsáveis recorrem aos dispositivos eletrônicos para distrair, acalmar ou silenciar as crianças, enquanto realizam outras atividades. Essa prática pode gerar uma dependência das crianças pelas telas, e uma falta de interação humana, afetiva e educativa com os adultos. Assim, as crianças podem perder oportunidades de aprender, brincar, explorar e se expressar de forma natural e saudável.
Diante disso, surge a grande pergunta: estamos terceirizando a educação dos nossos filhos? Será que estamos delegando aos meios digitais a responsabilidade de ensinar, divertir e cuidar das nossas crianças, sem nos preocuparmos com as suas necessidades reais, emocionais e cognitivas? Será que estamos abrindo mão do nosso papel de pais, educadores e protetores dos nossos filhos?
A resposta a essas questões não são simples, nem única. Cada família tem a sua realidade, os seus desafios e os seus valores. O que se pode dizer é que o equilíbrio, o bom senso e o diálogo são fundamentais para lidar com essa questão. Não se trata de proibir ou demonizar as telas, mas de usá-las de forma consciente, moderada e adequada. Não se trata de ignorar ou negligenciar as crianças, mas de estar presente, atento e carinhoso. Não se trata de impor ou reprimir, mas de orientar e respeitar.
As telas podem ser aliadas ou inimigas na educação dos nossos filhos. Tudo depende de como nós, adultos, as utilizamos e as regulamos. O que não podemos esquecer é que as crianças são o nosso bem mais precioso, e que elas merecem o nosso amor, a nossa atenção e a nossa dedicação.
Mais quais como buscar esse equilíbrio e parâmetros para o uso Segundo o Ministério da Saúde, o uso de telas por crianças e adolescentes deve ser feito de forma consciente, moderada e adequada, respeitando as recomendações de idade, tempo e qualidade. O Ministério da Saúde lançou, em outubro de 2023, uma consulta pública sobre o uso de telas e dispositivos digitais por crianças e adolescentes, com o objetivo de elaborar um guia orientativo para o uso saudável e positivo da tecnologia por esse público.
De acordo com a consulta pública, o uso de telas por crianças e adolescentes deve seguir as seguintes orientações, baseadas nas recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP):
- Menores de 2 anos: evitar a exposição às telas, inclusive passivamente.
- Entre 2 e 5 anos: máximo de 1 hora por dia, sempre com a supervisão de pais e responsáveis.
- Entre 6 e 10 anos: máximo de 1 a 2 horas por dia, sempre com supervisão de pais e responsáveis.
- Entre 11 e 18 anos: máximo de 2 a 3 horas por dia para telas e jogos de videogame, e nunca permitir “virar a noite” jogando.
Além disso, o Ministério da Saúde recomenda que os pais ou responsáveis adotem os seguintes cuidados gerais para o uso de telas por crianças e adolescentes:
- Estabelecer regras claras e consistentes sobre o uso de telas, como horários, locais e conteúdos permitidos.
- Dar o exemplo, limitando o próprio uso de telas e evitando usá-las durante as refeições, conversas e atividades em família.
- Incentivar e participar de atividades físicas, lúdicas, culturais e sociais com as crianças e adolescentes, sem o uso de telas.
- Respeitar o tempo de sono adequado para cada faixa etária, evitando o uso de telas antes de dormir ou no quarto.
- Proteger os olhos das crianças e adolescentes, evitando o uso de telas em ambientes escuros, com brilho excessivo ou muito próximos da visão.
- Acompanhar e orientar as crianças e adolescentes sobre os riscos e benefícios do uso de telas, como exposição a conteúdos impróprios, cyberbullying, privacidade, segurança, aprendizagem e criatividade.
Lembrando que os dispositivos e apps de conteúdo contém uma configuração chamada controle parental onde tudo que foi dito pode ser parametrizado e controlado.
Consciência e cuidado como as nossas crianças e jovens tem de estar em nosso radar, através do digital o mundo está dentro das nossas casas para o bem e para mal se liga.
Abraços e boa semana