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Imagem: Geraldo Magela/Agência Senado

Impasse no RRF: afinal, Pacheco, qual é a solução?

Com olhos na eleição de 2026, chefe do Senado dá um drible em Zema, fortalece sua relação com Lula e vira o Robin Hood dos Mouros


Paulo Leite

Notícias

Sociólogo e jornalista. Colunista dos programas Central 98 e 98 Talks.


Assistindo a coletiva de Rodrigo Pacheco a luz acendeu na minha visão política contemporânea de Minas Gerais. Eita, que moço esperto esse Pacheco. 

Aproveitando-se da inabilidade da condução política na condução da proposta do Regime de Recuperação Fiscal por parte do governo do estado, que há pelo menos quatro anos tenta sua aprovação na Assembleia, o “salvador” Rodrigo Pacheco aparece em cena e tira do seu cinto de utilidades, tal qual um super-herói, uma mirabolante proposta de renegociação da dívida mineira para com a União.

A esta altura devemos lembrar do ofício enviado pelo governador Romeu Zema ao presidente do Senado, solicitando sua ajuda na negociação da dívida e as perguntas não podem se calar. 

Quem deveria solicitar essa ajuda não seria a Secretaria de Casa Civil do Governo na pessoa do seu secretário Marcelo Aro? Dispendendo tanto esforço na Assembleia para a aprovação da RRF pedir ajuda ao presidente do Senado, que é até então o candidato preferido de Lula ao Governo de Minas em 2026, não seria inflar a bola de um adversário ao seu projeto de sucessão?

Sim, a sequência de equívocos mostra que estamos diante de mais um imbróglio, ou de uma tragicomédia de difícil compreensão. Que o partido Novo tem suas dificuldades estratégicas no campo político já é de conhecimento público, mas que não foram capazes de alertar o governador e seu melhor quadro político no país para essa situação, é assustador.

Voltemos à coletiva do senador Pacheco. De início devemos lembrar que ele é um inimigo declarado do RRF, portanto assumir o papel de condutor de uma alternativa é orgânico. 

Acontece, porém, que ladeado pelos ilustres presidente da ALMG, Tadeu Martins Leite, do líder do governo na Assembleia, João Magalhães, do coordenador da bancada mineira no Congresso nacional, o deputado Luiz Fernando Faria e do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, entre outros, Pacheco fala de uma dívida de R$ 160 bilhões que precisa de uma solução como se essa informação tivesse chegado a ele há poucos dias. 

Por que o ilustre senador não se ocupou dessa árdua tarefa antes? 

E o “líder” da bancada mineira em Brasília, fez o que sobre esse assunto até o dia de hoje? Teria sido incapacidade do líder de governo na ALMG a não condução de uma negociação para uma rápida aprovação do RRF pelos deputados, e por isso se apressa por pousar ao lado de Pacheco?

Mas vamos às propostas apresentadas pelo presidente do Senado. A primeira delas a renegociação da dívida de Minas com o governo federal com a repactuação dos valores. Porque cargas d’agua estaria agora o governo federal disposto a fazer tal renegociação? Em todo o mandato do governo anterior, que era do Partido dos trabalhadores, essa divida não foi sequer discutida e lembrem-se a presidente da República, também era do PT. O que será que mudou na percepção dos atuais/antigos governantes? Não parece ser um oportunismo eleitoral, com os olhos em 2026, essa boa vontade?

Logo depois o senador fala em federalização da Codemig, com o governo federal abatendo o valor dessa transação da divida mineira. Senador Pacheco, privatizar um “patrimônio dos Mineiros”, está em sua fala, não pode, mas entregar a operação lucrativa do nióbio e sua Codemig para o governo federal pode. Não estaríamos dando para o atual e estatizante governo brasileiro a oportunidade de mais um atrativo e potencial “cabidão” de empregos, moeda corrente nas negociações de Lula com o Congresso?

E por último o senador fala em utilização dos créditos ou acordados ou por decisão judicial, da enorme dívida da Samarco e suas controladoras pelos crimes praticados em Mariana, para o pagamento de parte da dívida. Aí eu fico arrepiado

O atual governo federal se opõe a esse acordo de maneira deslavada, estaria ele agora interessado por poder abocanhar esse dinheiro?

São tantas emoções, como diria Roberto Carlos, mas nenhuma delas leva a viver “esse momento lindo”.
E a pergunta fica no ar. Senador, qual é mesmo a solução encontrada? Perguntar não ofende.

* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
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