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Imagem: Lê Mạnh Tuấn/Pexels

Redes Sociais e o seu Bolso

Descubra o equilíbrio entre Influência e Educação


Samuel Barbi

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Especialista em economia, entra ao ar às segundas-feiras com a coluna MundoZFundos, no RádioCast 98


Vivemos em uma era em que as redes sociais se envolvem em praticamente todos os aspectos de nossas vidas. De compartilhar momentos especiais a manter-se atualizado sobre notícias e tendências, essas plataformas têm um papel cada vez mais central na sociedade. Enquanto nos conectamos virtualmente, muitos de nós não percebem o quão profundamente as redes sociais podem influenciar nossas decisões financeiras. Hoje vamos comentar sobre os aspectos positivos e negativos das redes sociais em nossos bolsos.


Consumismo Influenciado

Inúmeras vezes eu acompanhei pessoas fazendo selfies e vídeos para mostrar aos outros o quão incrível era a atividade que estavam realizando e, logo ao desligar a câmera, ficavam presas na tela do celular sem ao menos desfrutar realmente o momento. Casais que tiravam fotos exibindo um belo sorriso e, em seguida, passavam uma hora sem trocar uma mísera palavra na mesa de jantar. Indivíduos visitando os mais incríveis monumentos do mundo e sequer olhando para eles para além da tela de seu próprio aparelho.

Já observou que não existe mais tédio? Em minha infância e adolescência tédio era mato! Sim, eu tive meu primeiro celular somente com 17 anos de idade e fui roubado, no centro de Beagá, ainda pagando uma das primeiras parcelas do dispositivo. Aprendi que o tédio é o professor da criatividade. Hoje em dia, ao menor sinal de tédio, o celular é acessado e nos bombardeia com informações, notificações, memes e mensagens. Bum, em uma fração de segundos, lá se foi embora o tédio! Faça um teste, cronometre quanto tempo você consegue ficar sem olhar pra tela do celular. O vício está muito presente e afeta nossas decisões.

"FOMO" é uma sigla que significa "Fear of Missing Out", que em português pode ser traduzido como "Medo de Estar Perdendo Algo". A sigla descreve a ansiedade ou preocupação que as pessoas sentem ao acreditar que estão perdendo experiências interessantes, eventos sociais, informações relevantes ou oportunidades, especialmente quando não observam reiteradamente as atividades de outras pessoas nas redes.

As redes sociais, em sua busca incessante pela atenção e retenção dos usuários, frequentemente exibem um estilo de vida idealizado, totalmente recortado. Um grande show de “melhores momentos”. Criam uma pressão sutil para que as pessoas mostrem uma imagem de sucesso, em uma busca incansável por curtidas e seguidores, podendo levar a gastos excessivos em itens de luxo ou atividades caras, tudo em busca de validação.

Sob a pressão desse sentimento, muitos cedem a gastos impulsivos e insustentáveis para corresponder a essa imagem. Afinal, quem quer se sentir excluído? No entanto, essa busca por validação pode resultar em graves desequilíbrios financeiros e afetar negativamente a saúde mental.


A Evolução da Educação Financeira

Nem tudo nas redes sociais é negativo quando se trata de finanças pessoais. Há poucos anos, o rol de investimentos do brasileiro se resumia à poupança. Sem dúvidas, isso era resultado de um sistema financeiro com um perfil mais elitista e de ser um tema de difícil compreensão pelo público geral.

A educação financeira avançou absurdamente no país graças às redes sociais. Os influenciadores desmistificaram o tema e pressionaram o sistema a trazer soluções mais democráticas. Agora, as pessoas podem aprender sobre dinheiro de forma fácil e até mesmo divertida. Ensinam como empreender, economizar, investir e gastar com inteligência, e isso ajuda todo mundo a entender mais sobre finanças e, aos poucos, aplicar esses conhecimentos.

Entretanto, na busca por oportunidades de investimento e crescimento financeiro, uma das principais dificuldades é saber como filtrar a montanha de informações disponíveis e, ao mesmo tempo, manter-se alerta para não cair nas armadilhas de aproveitadores inescrupulosos.

Um dos sinais mais claros de que algo está errado é a promessa de enriquecimento rápido e fácil. Investimentos que garantem retornos extraordinários em um curto espaço de tempo são, na maioria das vezes, ilusórios e perigosos. Além disso, esquemas de ostentação e a pressão para convencer outras pessoas a participarem do investimento são indícios clássicos de uma possível falcatrua. Veja que figuras extremamente bem sucedidas no campo dos investimentos são pessoas simples, mais idosas (lembre-se que o tempo é fundamental na equação dos juros compostos), que viveram sempre com controle de seus gastos e investindo recorrentemente em bons negócios (especialmente ações).

Seguir cegamente as dicas de investimento online é muito perigoso e pode acarretar perdas severas. É importante lembrar de checar se a informação é confiável, já que nem tudo que está online é verdade, e buscar ajuda de um especialista se precisar de conselhos financeiros mais sérios. Afinal, aprender sobre dinheiro nas redes sociais é ótimo, mas é ainda mais importante tomar decisões financeiras seguras e bem amparadas, que vão te trazer retornos muito positivos ao longo dos anos.


Conclusão

A influência das redes em nossas decisões financeiras é inegável. Ao reconhecer os perigos do consumismo desenfreado e da busca constante por validação online, podemos tomar medidas para proteger nossas finanças pessoais e nossa saúde mental. Desenvolver a mentalidade correta pode parecer papo de coach, mas é o ponto mais essencial da caminhada para uma vida financeira equilibrada e o consequente enriquecimento. Além disso, aproveitar as redes sociais como uma fonte de educação financeira pode ser valioso, desde que tenhamos discernimento para julgar o que são conteúdos de qualidade. Ao adotar uma abordagem consciente em relação às redes sociais e às finanças, podemos encontrar o equilíbrio certo para construir um futuro financeiro sólido e feliz.


* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
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