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Transtornos psíquicos mais comuns nas mulheres: o que devemos saber e como tratá-los

Os transtornos psíquicos afetam milhões de pessoas em nível mundial e têm impactos consideráveis na qualidade de vida e no bem-estar emocional. No que diz respeito à população feminina, alguns desses transtornos são mais prevalentes, atingindo não só a saúde mental, mas também a saúde física e a rotina diária.


Ana Luiza Prates

Entretenimento

Psiquiatra, especialista em Dependência química, Psicoterapia cognitivo comportamental , Neurociências, Mindfulness e Psicologia Positiva. Professora e Idealizadora do Curso de Saúde emocional da mulher. Colunista do Rádio Cast.


A temática que envolve a saúde mental e emocional das mulheres é complexa. Devemos estimular a busca de informações, desmistificar esse assunto e falar mais sobre ele. É preciso ainda considerar os desafios que se estendem por todos os ciclos da vida de uma mulher.

Estimular ações sobre promoção e prevenção é pilar fundamental quando se fala em saúde mental e emocional. Os distúrbios mentais podem ser prevenidos por meio de uma maior atenção aos sinais que sugerem tais problemas. Familiares, amigos e profissionais de saúde devem perceber quando há necessidade de um maior cuidado, pois nem sempre a própria mulher consegue perceber que a sua estabilidade psíquica está comprometida. Muitas vezes, será necessário um olhar diferenciado e mais sensível para notar as mudanças comportamentais que vêm ocorrendo.

Por diferentes questões, a classe feminina apresenta uma maior tendência a enfrentar maiores desafios envolvendo sua saúde psíquica ao longo da vida.

Quais os transtornos psíquicos mais prevalentes na população feminina?

● A depressão é um dos transtornos psíquicos mais comuns entre as mulheres. As mulheres têm duas vezes mais depressão do que os homens. Ela pode resultar de uma combinação de fatores sociais, genéticos, hormonais, biológicos, psicológicos e ambientais e se manifesta de diversas formas, incluindo sentimentos persistentes de tristeza, baixa autoestima, perda de interesse, fadiga, distúrbios do apetite e do sono, até mesmo podendo levar a pensamentos de morte ou suicídio;

● Os transtornos de ansiedade, como a ansiedade generalizada, fobias, transtorno do pânico e TOC também são comuns entre as mulheres. Mulheres apresentam um risco significativamente maior comparado ao dos homens para o desenvolvimento de transtornos de ansiedade ao longo da vida. As mulheres têm, aproximadamente, duas vezes mais probabilidade de terem TAG do que homens na mesma situação. Além disso, diversos estudos sugerem maior gravidade de sintomas, maior cronicidade e maior prejuízo funcional dos transtornos de ansiedade entre as mulheres. Os sintomas podem incluir preocupação excessiva, nervosismo, medo intenso, ataques de pânico e evitação de situações que causem ansiedade, muitas vezes coexistindo com sintomas somáticos como tremores, sensação de falta de ar e taquicardia;

● Os transtornos alimentares, como anorexia, bulimia e transtorno da compulsão alimentar afetam desproporcionalmente as mulheres. As mulheres têm 9 vezes mais anorexia e bulimia que os homens; e 2 vezes mais compulsão alimentar. Esses transtornos estão ligados a uma variedade de fatores, incluindo preocupações com a imagem corporal, pressão social, baixa autoestima e influências genéticas e biológicas;

● O transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) pode ser comum nas mulheres quando há histórico de eventos traumáticos como abuso sexual e agressão na infância, mudanças

significativas na vida ou situações de stress crônico. Embora qualquer pessoa exposta a algum tipo de trauma psicológico possa desenvolver o distúrbio, mulheres são duas vezes mais atingidas do que homens;

● O transtorno bipolar é outra condição que afeta mulheres de forma desproporcional e é caracterizado por oscilações intensas de humor, podendo ter impacto significativo na vida pessoal, profissional e social das mulheres, bem como aumentar os riscos de autoagressão, adição às drogas e de ideação suicida;

● A insônia e outros transtornos do sono podem ainda impactar significativamente a estabilidade emocional das mulheres. A rotina com múltiplas tarefas e as variações hormonais inerentes ao gênero feminino levam a mulher a precisar de mais tempo de sono. Além disso há o risco aumentado para insônia, que chega a ser 40% superior em comparação ao gênero masculino;

● O isolamento social e a solidão, mais comuns após a menopausa ou depois que as mulheres se aposentam, é uma outra condição psíquica de relevância quando a temática é a saúde mental e emocional das mulheres;

● Por fim, não devemos nos esquecer das transições de vida, que podem gerar mudanças bruscas no ciclo vital, como gravidez e maternidade, menopausa e a transição para a terceira idade.

Como cuidar melhor da saúde mental das mulheres?

Falar mais sobre o tema

Mesmo após tantos avanços em nossa sociedade, ainda existe o estigma associado à saúde mental. Isso pode ser uma barreira ainda mais significativa para as mulheres, já que em nosso país poucas pessoas buscam ajuda devido ao medo do julgamento social.

Sem a devida assistência, as chances de piora dos quadros aumentam muito. É preciso falar mais abertamente sobre essa temática e estimular a busca de ajuda profissional.

Evitar o excesso de preocupação

A preocupação excessiva parece ser uma tônica comum na dinâmica feminina de viver. Nem sempre as mulheres conseguem superar sozinhas as múltiplas atribuições que a vida lhes traz: cuidar de casa, dos filhos, do marido, ser uma boa profissional e ainda estar em dia com os padrões de beleza e saúde pode custar muito caro.

A orientação é adotar medidas de prevenção, evitando as multitarefas e recorrendo a técnicas de relaxamento, ioga e meditação. Exercícios físicos praticados regularmente também são excelentes ferramentas para lidar com a ansiedade e alcançar uma boa saúde física e mental.

Optar por hábitos alimentares mais adequados

Escolhas alimentares mais saudáveis também entram nos requisitos para alcançar uma boa saúde mental. Priorizar a manutenção de cuidados com a alimentação faz toda a diferença no processo de fortalecimento da saúde integral das mulheres.

Investir na higiene do sono            

A higiene do sono consiste em priorizar condições que favoreçam a qualidade do repouso e o torne reparador e saudável.

O ideal é focar a atenção em aspectos como limpeza do quarto, baixa luminosidade e redução do barulho. A adoção desses ajustes é determinante para que a mulher consiga dormir melhor e ter mais ânimo e disposição no dia a dia.

Procurar ajuda profissional

A busca por profissionais especializados nas áreas de Psiquiatria e Psicologia pode ser um importante diferencial, à medida em que as mulheres assistidas por esses profissionais podem desenvolver o autoconhecimento, promover as mudanças necessárias e ser bem acolhidas e tratadas efetivamente na busca por uma melhor qualidade de vida e bem-estar emocional.

Vamos nos cuidar!!!

Feliz Dia Internacional das Mulheres!

* Esta coluna tem caráter opinativo e não reflete o posicionamento do grupo.
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